sábado, 4 de abril de 2009

Senhor

Senhor , disse , alguém que tu és o " primeiro " de todos os seres - se bem pensou , mal exprimiu o seu pensamento .
Não , tu não és o " primeiro " do seres , assim como um elo é o primeiro numa grande corrente . Se fosse o " primeiro " , poderiam haver um " segundo " e " terceiro " no plano do teu ser .
Tu és o único no teu plano , o primeiro e o último - o alfa e o ômega .
Tu és o centro em torno do qual tudo gira .
Tu és a fonte da qual manam todas as águas da realidade .
Tu és o sol do qual irradiam todas as claridades do universo .
Tu és o doador que sempre dá e nunca recebe .
Tu és a voz à qual respondem todos os ecos do cosmos .
Teu centro está em toda a parte .
Tua periferia não está em parte alguma .
Quanto mais penso em ti mais me esqueço de mim . Quanto mais me aproximo da imensa plenitude de teu ser necessário e autônomo , tanto mais me divorcio de mim , desta frágil e mesquinha vacuidade que tem o meu nome ... e , por fim , não vejo mais nada de mim ...
Perco de vista , nas brunas do horizonte , o microscópio pontinho do eu - e diante de mim se ergue a gigantesca e única realidade - Deus .
Emigrei de mim e imigrei para dentro de ti , o ser infinito ...
Tornei-me uma espêcie de não - eu a fim de me diluir em teu grande tu ...
Compreendo agora o que quiz dizer o teu messias com as palavras paradoxalmente sublimes :
" É necessário perder-para possuir ...
é necessário morrer-para viver ... "
Deus eterno , infinito , auto-real !
Não permitas que eu torne a afastar-me de ti : - para que possa ficar comigo , em ti ...
O meu existir finito só pode viver e prosperar no teu infinito ...
Fora desse tu não há salvação para o eu ...
Sustenta-me , pois , ó grande realidade !
Robustece-me com tua força !
Ilumina-me com tua luz !
Abrasa-me com teu ardor !
Enche-me com tua plenitude !
Abisma-me com tua ilimitada felicidade ! ...
Ó Deus eterno ! ...

Texto : Huberto Rohden
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