sábado, 16 de janeiro de 2010

" Os Versos de Ouro de Pitágoras ! "

1. Honra em primeiro lugar os deuses imortais , como manda a lei .

2. A seguir , reverencia o juramento que fizeste .

3. Depois os heróis ilustres , cheios de bondade e luz .

4. Homenageia , então , os espíritos terrestres e manifesta por eles o devido respeito .

5. Honra em seguida a teus pais , e a todos os membros da tua família .

6. Entre os outros , escolhe como amigo o mais sábio e virtuoso .

7. Aproveita seus discursos suaves , e aprende com os atos dele que são úteis e virtuosos .

8. Mas não afasta teu amigo por um pequeno erro ,

9. Porque o poder é limitado pela necessidade .

10. Leva bem a sério o seguinte : Devemos enfrentar e vencer as paixões :

11. Primeiro a gula , depois a preguiça , a luxúria , e a raiva .

12. Não faz junto com outros , nem sozinho , o que te dá vergonha .

13. E , sobretudo , respeita a ti mesmo .

14. Pratica a justiça com teus atos e com tuas palavras .

15. E estabelece o hábito de nunca agir impensadamente .

16. Mas lembra sempre um fato , o de que a morte virá a todos ;

17. E que as coisas boas do mundo são incertas , e assim como podem ser conquistadas , podem ser perdidas .

18. Suporta com paciência e sem murmúrio a tua parte , seja qual for ,

19. Dos sofrimentos que o destino determinado pelos deuses lança sobre os seres humanos .

20. Mas esforça-te por aliviar a tua dor no que for possível .

21. E lembra que o destino não manda muitas desgraças aos bons .

22. O que as pessoas pensam e dizem varia muito ; agora é algo bom , em seguida é algo mau .

23. Portanto , não aceita cegamente o que ouves , nem o rejeita de modo precipitado .

24. Mas se forem ditas falsidades , retrocede suavemente e arma-te de paciência .

25. Cumpre fielmente , em todas as ocasiões , o que te digo agora :

26. Não deixa que ninguém , com palavras ou atos ,

27. Te leve a fazer ou dizer o que não é melhor para ti .

28. Pensa e delibera antes de agir , para que não cometas ações tolas ,

29. Porque é próprio de um homem miserável agir e falar impensadamente .

30. Mas faze aquilo que não te trará aflições mais tarde , e que não te causará arrependimento .

31. Não faze nada que sejas incapaz de entender .

32. Porém , aprende o que for necessário saber , deste modo , tua vida será feliz .

33. Não esquece de modo algum a saúde do corpo ,

34. Mas dá a ele alimento com moderação , o exercício necessário e também repouso à tua mente .

35. O que quero dizer com a palavra moderação é que os extremos devem ser evitados .

36. Acostuma-te a uma vida decente e pura , sem luxúria .

37. Evita todas as coisas que causarão inveja ,

38. E não comete exageros . Vive como alguém que sabe o que é honrado e decente .

39. Não age movido pela cobiça ou avareza . É excelente usar a justa medida em todas estas coisas .

40. Faze apenas as coisas que não podem ferir-te , e decide antes de fazê-las .

41. Ao deitares , nunca deixe que o sono se aproxime dos teus olhos cansados ,

42. Enquanto não revisares com a tua consciência mais elevada todas as tuas ações do dia .

43. Pergunta : " Em que errei ? Em que agi corretamente ? Que dever deixei de cumprir ? "

44. Recrimina-te pelos teus erros , alegra-te pelos acertos .

45. Pratica integralmente todas estas recomendações . Medita bem nelas . Tu deves amá-las de todo o coração .

46. São elas que te colocarão no caminho da Virtude Divina ,

47. Eu o juro por aquele que transmitiu às nossas almas o Quaternário Sagrado .

48. Aquela fonte da natureza cuja evolução é eterna .

49. Nunca começa uma tarefa antes de pedir a benção e a ajuda dos Deuses .

50. Quando fizeres de tudo isso um hábito ,

51. Conhecerás a natureza dos deuses imortais e dos homens ,

52. Verás até que ponto vai a diversidade entre os seres , e aquilo que os contém , e os mantém em unidade .

53. Verás então , de acordo com a Justiça , que a substância do Universo é a mesma em todas as coisas .

54. Deste modo não desejarás o que não deves desejar , e nada neste mundo será desconhecido de ti .

55. Perceberás também que os homens lançam sobre si mesmos suas próprias desgraças , voluntariamente e por sua livre escolha .

56. Como são infelizes ! Não vêem , nem compreendem que o bem deles está ao seu lado .

57. Poucos sabem como libertar-se dos seus sofrimentos .

58. Este é o peso do destino que cega a humanidade .

59. Os seres humanos andam em círculos , para lá e para cá , com sofrimentos intermináveis ,

60. Porque são acompanhados por uma companheira sombria , a desunião fatal entre eles , que os lança para cima e para baixo sem que percebam .

61. Trata , discretamente , de nunca despertar desarmonia , mas foge dela !

62. Oh Deus nosso Pai , livra a todos eles de sofrimentos tão grandes ,

63. Mostrando a cada um o Espírito que é seu guia .

64. Porém , tu não deves ter medo , porque os homens pertencem a uma raça divina ,

65. E a natureza sagrada tudo revelará e mostrará a eles .

66. Se ela comunicar a ti os teus segredos , colocarás em prática com facilidade todas as coisas que te recomendo .

67. E ao curar a tua alma a libertarás de todos estes males e sofrimentos .

68. Mas evita as comidas pouco recomendáveis para a purificação e a libertação da alma .

69. Avalia bem todas as coisas ,

70. Buscando sempre guiar-te pela compreensão divina que tudo deveria orientar .

71. Assim , quando abandonares teu corpo físico e te elevares no éter ,

72. Serás imortal e divino , terás a plenitude e não mais morrerás .
Texto : Ana Lúcia Perri Barros
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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

" A Realização Interior "

O ser humano é parte integrante do cosmo e participa de sua gênese . Há muito tempo ele tenta compreender a natureza do universo do qual faz parte , questionando-se sobre aquele Invisível que se manifesta de forma tão visível .
Tendo por base a Metafísica Tradicional , ou seja , " a ciência que estuda aquilo que está além da física " , o doutor Hubert Benoit apresenta a condição do homem no universo e sua possibilidade de transformação metafísica .
Para tanto , dividiu o livro em quatro partes : a primeira faz considerações metafísicas gerais acerca do homem inserido no cosmo e da integração do Princípio Criador ; a segunda apresenta a fenomenologia com base nos princípios do Demiurgo , da Gênese da criação e de alguns conceitos budistas , sempre enfatizando que o conhecimento gera contradições no próprio homem ; as duas últimas tratam de questões como Bem e Mal , dualismo e dualidade , morte , egoismo , orgulho , mostrando de que forma o homem pode se livrar da dolorosa escravidão a que está submetido e chegar à possibilidade de humildade perfeita .
A realização interior é um importante guia àqueles que desejam sair da pura abstração metafísica - necessária ao conhecimento da própria condição - e atingir a plenitude de si mesmo .
O homem possui duas naturezas , uma delas fenomenal , o Eu , e a outra divina , o Ele ; o Ele , que é Deus , ama infinitamente a Si mesmo . Esse amor não é um sentimento , mas uma forma de nomear a identidade , reunindo em um os três pólos da tríade divina . A distinção entre o Ele em estado de possibilidade e o Ele realizado tem apenas um sentido subjetivo para o homem e nenhum sentido objetivo para Deus . Por isso Jesus dizia : " A realeza divina está em cada um de vóz " .
Texto : Hubert Benoit
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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

" Morrer para renascer "

Sobre este assunto , as literaturas Ch'an e zen nos iludem : elas nos relatam diversos casos de Realização muito diferentes uns dos outros e frequentemente permanecem mudas sobre a forma que um determinado Mestre obteve sua libertação . Isso está de acordo com a ineficácia dos métodos e de qualquer técnica ; caso contrário , um homem liberto poderia dizer como fez e quanto tempo precisou para atingir seu objetivo . Sabemos apenas que os homens destinados à Realização afastam-se de qualquer tipo de compensação em algum momento de suas vidas consagrando-se unicamente àquele objetivo . Seu pensamento parece não se desviar para nada além daquilo . Em paralelo ao desinteresse comum , esses homens seguiram caminhos muito diferentes . No entanto , todos eles têm algo em comum : o fracasso , ou sucessivos fracassos se decidiram percorrer diversos caminhos . Esta é a via descendente dos fracassos repetidos até o fracasso final . Desejo citar sobre o tema uma notável intuição de Dag Hammarskjold : " Levado pelo labirinto da vida , chego a um momento e a um lugar onde compreendo que o caminho conduz a um triunfo que é uma catástrofe , e uma catástrofe que é um triunfo ... e que a única elevação possível para o ser humano está nas profundezas da humilhação " .
A morte do ego e o renascimento são simultâneos ; quanto aos momentos imediatamente anteriores à ' morte ' , são iguais para todos os homens . O estado interior nestes instantes está composto de uma humilhação completa e aceita , isto é , da visão de si mesmo como nada , como não sendo nada . O pensamento , desvalorizado , se detém . A afetividade também se dilui , porque o homem experimenta ao mesmo tempo sentimentos de igual intensidade : de um lado , o desespero nas suas próprias possibilidades , de outro , uma total confiança n'Ele a favor da abdicação do Eu . Nesse momento , finalmente , o homem deixa de fazer algo por sua Realização , desejando-a com todo o seu ser .
Citemos uma frase do zen : " O satori cai sobre nós de maneira imprevista , após esgotarmos todas as forças do nosso ser " .
Tais forças são aquelas dadas pelo demiurgo , constantemente orientadas para a felicidade terrestre , as compensações , as afirmações do nosso Eu , o sucesso . Em seu conjunto , essas forças são nossa orientação centrífuga arrebatada no labirinto da vida . Elas também representam armadilhas para o intelecto , quando se considera capaz de resolver de forma prática o enigma da condição humana ( os métodos ou técnicas ) .
O instante em que se esgotam todas as forças do nosso ser é o instante da Realização . Eis uma descrição do mesmo Ch'an : " O leve contato de um fio de baixa tensão origina uma explosão que afeta até as estruturas da Terra ; tudo o que jazia no espírito explode como uma erupção vulcânica ou brilha como um relâmpago " .
O labirinto da mitologia grega pode ser usado simbolicamente para compreender a evolução do homem em direção à morte-para-renascer , mas com a condição de serem introduzidas importantes modificações . Nosso labirinto , construído sobre o solo , é horizontal . Ele não contém qualquer saída nesse plano . Só é possível sair pelo centro , onde se encontra o Minotauro , e por um trajeto vertical . Esse trajeto passa pelo meio do Minotauro e é aquilo que a Metafísica Tradicional chama de eixo ou árvore do Céu . O homem nasce , no princípio de tudo , neste centro , porém não pode ter consciência do mesmo . A partir do aparecimento do intelecto , explora o mundo exterior em busca de compensações . Percorre diversos trajetos centrífugos que , em um determinado momento , revelam-se como impasses . À medida que os impasses explorados são excluídos , vai ficando encurralada em direção ao centro . Os gregos , que facilmente humanizavam seus deuses e deificavam seus heróis , fazem Teseu matar o Minotauro .
Em nosso labirinto simbólico e metafísico é o Minotauro quem devora Teseu , que encontra assim o eixo do Céu , é aspirado até o divino Absoluto e liberto da prisão que o labirinto representava para ele . No nosso ponto de vista esta exploração , que vai de impasse-fracasso a impasse-fracasso para finalmente ser devorado , é necessariamente uma via descendente . O caminho para o infinito passa pelo zero .
Em suma , na escala do microcosmo humano a Realização é uma revolução fantástica : no homem comum , o demiurgo dominava a afetividade e esta dominava todo o comportamento ; a Realização opera uma reviravolta que eleva o intelecto - que se transformou em Cósmico Mental - acima da afetividade , dando-lhe a Beatitude Divina . O demiurgo dirige apenas a parte animal ou vegetativa do ser humano . O que legitima o termo ' morte espiritual ' é o desaparecimento de toda a arquitetura egoista do Eu reinante .
A duração da evolução interior que vai do primeiro desejo da Realização aos últimos instantes desta morte-para-renascer é muito variável . Embora tenha sido de apenas dois anos para Ramana Maharshi , também pode durar dezenas de anos . Será que Buda estava pensando nisso quando , ao ser interrogado sobre a maior virtude humana , respondeu que era a paciência ?
Em primeiro lugar , a via descendente se traduz pela desvalorização das compensações . Quando pensamos em desfrutar algumas delas , uma voz logo se eleva em nós : " E depois ? " ou " Para quê ? " . E o ilusório prazer proposto não nos atrai mais .
À medida que a tela psíquica sobre a qual eram projetados os fantasmas compensatórios perde sua opacidade , o olho espiritual percebe , através dele , a noite profunda , isto é , a nostalgia primitiva do nosso abandono à vontade divina .
Isto é o que exprime Jesus crucificado ao gritar : " Meu Deus , meu Deus , por que me abandonaste ? " Ao nascer , quando a alma - para falar como Platão - cai num organismo humano , tudo passa por nós como se realmente tivéssemos sido abandonados por Deus .
À medida que o homem percebe a nostalgia primitiva - pois o processo é lentamente gradual - começa a sentir uma nova tristeza , aparentemente incondicionada , da qual ele procura as razões ; no entanto , não as encontra , ou elas não são proporcionais a essa tristeza profunda . Por outro lado , para utilizar esse sofrimento é preciso começar pela própria purificação , expulsando do pensamento essas circunstâncias .
O sofrimento continua a estar presente , e podemos então senti-lo conscientemente , sem pensar . Trata-se de um mal-estar difuso em todo o ser , em todo o corpo , talvez localizado a nível do coração . Essa primeira puruficação do sofrimento torna-se possível e engrandecida pela compreensão de que todo sofrimento moral , pequeno ou grande , traduz a nossa nostalgia de Deus . O homem ' liberto vivo ' - no qual essa nostalgia evidentemente desapareceu - é totalmente invulnerável ao sofrimento justamente porque a fonte deste último já não existe .
Esta é a verdadeira aceitação do sofrimento , que nada tem a ver com a resignação . As palavras de Jesus exprimem perfeitamente essa aceitação : " Pai , nas tuas mãos entrego o meu espírito ! "
Quando o homem chega ao fundo da Noite dos sentidos e do espírito ( são João da Cruz ) , sua sensibilidade e pensamento tendem a parar completamente , originando a Realização .
A um discípulo que perguntava qual era a última palavra do Ch'an , seu Mestre respondia : " É SIM " . O homem comum , diante daquilo que lhe causa pesar , adota uma atitude negativa de revolta ; esta , por sua vez , normalmente impotente , é cruel . Portanto , devemos aprender a adotar em todas as circustâncias uma atitude positiva , a entrar em acordo com nossas desgraças , assim como com nossa alegria . As felicidades são momentos de calma muito úteis , porém também devemos abençoar e exprerimentar totalmente as nossas infelicidades , sofrimentos e desgostos , já que só assim nossa condição egoista recebe os golpes que provocarão seu desaparecimento . Em nós é feito , então , um trabalho inconsciente que nosso intelecto seria incapaz de assumir e que unicamente realiza o si .
Nossas infelicidades ? Distinguimos perfeitamente os sofrimentos morais das dores físicas . O homem liberto , que não pode ser atingido por nenhum sofrimento moral , permanece sensível à dor física , não da mesma forma , mas com indiferença . Isso prova que no homem comum a dor física sempre está acompanhada de um sofrimento moral ; esse homem reivindica sempre um corpo indolor , e caso seja contrariado acaba desenvolvendo uma revolta psíquica dolorosa frequentemente impotente .
Mas queremos nos referir sobretudo ao sofrimento moral .
Seu aparecimento não pode ser compreendido tão facilmente como o da dor física , na qual os nervos sensitivos são irritados e conduzem essa irritação até o cérebro , até a consciência .
A explicação do sofrimento moral nos obriga a rever a questão primordial do ser ou não ser de Hamlet , que reside em todas as almas humanas . O homem possuí uma justa intuição de sua natureza divina , do Ele que é a sua Realidade Absoluta ; ao mesmo tempo , se define através de sua pessoa particular que , no entanto , tem a evidência constante de não possuir nenhum dos atributos divinos ; mas essa intuição não pode ser negada por ninguém porque é justa ( apesar do fato do Ele só existir no homem em estado de possibilidade ) . A presença simultânea no homem dessas duas evidências contrárias leva fatalmente ao ser ou não ser , problema que , com essa colocação , é insolúvel . Porém , durante a vida inteira o homem tenta resolver essa questão através de pretensão divina pessoal , isto é , dos sucessos que afirmam seu Eu .
Incessantemente , o homem comum faz esforços externos e internos para ser ' feliz ' . Ele procura compensações ; se é atigindo pelo azar , revolta-se de maneira mais ou menos impotente e sofre intensamente , ou se resigna , refugiando-se assim numa revolta muda , inativa , menos dolorosa e que se diluirá com o tempo .
No estado de sofrimento moral , o homem é invadido por uma quantidade variável de energia desarmônica que constitui um círculo vicioso imaginativo-emotivo . Esta energia encontra uma válvula de escape na imaginação , que reativa ao mesmo tempo a energia desarmônica que provém do centro afetivo . Essa energia só pode ser utilizada para a Realização se o círculo vicioso se romper no nível da imaginação , do mental , deixando assim de constituir uma massa energética formal , um corpo estranho que o organismo tem de rejeitar , pois a matéria-prima dessa energia bipolarizada é , na verdade , uma porção de energia vital , pessoal e homogênea , e própria do sujeito . Se concentro minha atenção naquilo que meu corpo sente sem pensar em nada , a energia do sofrimento perde a sua desarmonia , pára de me despedaçar entre dois pólos e fica à disposição do Ele , que se aproxima mais ou menos do despertar na medida em que diminui a pretensão divina do Eu .
Se soubermos utilizar asim nossos sofrimentos , a vaidosa pretensão do Eu diminui ; nosso estado interior desce em direção à nostalgia primitiva à qual aludia Rimbaud :
Oh mil viuvezas
Da tão pobre alma .
Além disso , passamos a querer cada vez mais frequentemente sentir no nosso corpo este mal-estar provocado pela impressão do desamparo divino . Em geral , o sistema compensatório disfarça esse mal-estar como se o mesmo se encontrasse na direção oposta . Mas um olhar lúcido e imparcial desmascara facilmente o precioso mal-estar ; precioso porque conduz gradualmente à nostalgia primitiva na qual o inferno , ao ser atingido , transforma-se repentinamente em paraíso . A via da Realeza Divina deve ser precedida pela ilusória evidência de sua ausência , e a via da verdadeira felicidade , infinita e eterna , deve passar pela perda total de toda esperança em si .
Para nós , todos os sentimentos são humilhações . A partir do momento em que são aceitas , transcendem em justa humildade , em visões do nosso Eu como sendo cada vez menos . Depois , no momento em que finalmente o vemos como se nada fosse , como não sendo , o Eu se realiza e nos invade completamente , revelando que , sem que tivéssemos consciência disso , que sempre O fomos no esplendor de sua Realidade Absoluta .
Texto : ( Livro . A Realização Interior Pags. 79 a 85 )
Hubert Benoit .
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domingo, 10 de janeiro de 2010

" A Educação da Consciência "

Nascido em Tubarão , estado de Santa Catarina , Rohden formou-se em Ciências , Filosofia e Teologia nas Universidades de Innsbruck ( Áustria ) ; Valkenburg ( Holanda ) e Nápoles ( Itália ) . De 1945 a 1946 , teve uma bolsa de estudos para o desenvolvimento de pesquisas científicas na Universidade de Princeton , Estados Unidos , onde teve a oportunidade de conviver com Albert Einstein e lançou os alicerces para o movimento de âmbito internacional da Filosofia Univérsica , tomando por base do pensamento e da vida humana a constituição do próprio universo .
Visão - O senhor tem dedicado boa parte do seu tempo enfatizando a diferença entre a instituição e a educação ...
Huberto Rohden - Não , não é bem isso . Tenho falado unicamente sobre auto conhecimento e auto-realização da natureza humana . Isso inclui tudo e vai muito além da educação . Nós temos que nos realizar . Somos embrionários ; " sementes " humanas .
Falando simbolicamente , temos que realizar a nossa " semente " humana em forma de uma perfeita " planta " humana . Portanto , no Centro Auto-Realização Alvorada , cuidamos do autoconhecimento da natureza humana e sua auto-realização na vida prática . Temos que saber o que somos e temos de viver de acordo com aquilo que somos . O homem deve realizar-se . Ele não é realizado ; é apenas realizável . Da auto-realização fazem parte duas coisas : tanto a instrução na ciência como a educação da consciência . O Governo só pode instruir na ciência ; não pode educar na consciência . A educação da consciência é do foro íntimo do indivíduo . Temos um Ministério da Instrução ; não temos um Ministério da Educação . Não existe nenhum ministério da educação em nenhum país ; nem pode existir .
Não devemos confundir instrução com educação . A educação é muito mais profunda do que a instrução . A instrução é da inteligência ; a educação é da consciência . A instrução faz o homem erudito ; a educação faz o homem bom . Ambas são necessárias mas a mais importante é a educação da consciência .
Visão - Então , ao contrário do que se supõe hoje em dia , a educação é uma atividade individual ?
Rohden - É eminentemente individual . Não pode ser uma atividade social . Ela se reflete na sociedade , mas está radicada no indivíduo . Só existe auto-educação ; não existe alo-educação ( educação de fora para dentro ) . Ou o homem se educa ou não se educa . Outros não podem educar-me ; só podem mostrar-me o caminho pelo qual eu me possa educar .
Visão - Essa é , então , a função do mestre - mostrar ?
Rohden - Sim . O mestre é um guia . O educador pode mostrar ao educando o caminho por onde o educando se pode auto-educar . Há muita confusão hoje em dia sobre a educação .
Entre centenas de livros sobre a educação , mal encontrei um que possa aprovar integralmente . Alguns têm coisas boas , mas não frisam a coisa essencial que é a auto-educação .
Visão - Falou-se recentemente que o sistema educacional brasileiro estava em crise .
O senhor concorda que esteja ?
Rohden - Crise supõe uma presença . Não existe nenhuma crise ; o que existe é uma deplorável ausência de verdadeira educação .
Visão - De onde surgiu essa ausência de educação ?
Rohden - Ela resulta do fato histórico de que a nossa evolução humana no mundo inteiro não está na altura . Não estamos na era da incerteza , da qual falou o economista John Kenneth Galbraith ; estamos , sim , em estado permanente de incerteza , porque a humanidade está marcando passo na inteligência e não atingiu ainda o nível da razão , da consciência . Falta-nos uma disciplina ética avançada . Albert Einstein , que era um grande luminar , disse : " o descobrimento das leis da natureza - a ciência - torna o homem erudito ; mas não torna o homem bom . O homem bom é aquele que realiza os valores que estão dentro de sua consciência . Do mundo dos fatos , que é a ciência , não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores , que é a consciência . Fatos não produzem valores , porque os valores vêm de outra região . " Teilhard de Chardin disse : " o homem veio da biosfera . Está na noosfera ( noos quer dizer inteligência , em grego ) e age em função da noosfera . Viemos da biosfera , isto é , da esfera da vida . Nós nos intelectualizamos há milhares de anos ; viemos da biosfera para a noosfera . Passamos da esfera da vida para a esfera da
inteligência - e cá estamos . Acima da noosfera está a logosfera , a esfera da consciência ; mas ainda não estamos lá .
Visão - Não há alguns indivíduos que estão acima do grosso da humanidade ?
Rohden - É claro . Há indivíduos isolados , esporádicos , que estão na esfera da educação da consciência . Mas a maioria não está lá . É uma questão de evolução da humanidade . A culpa não é do Brasil , nem de ninguém . É da falta de evolução superior da humanidade .
Na esfera em que estamos não podemos ter educação ; só podemos fazer instrução .
Todos os crimes e terrorismos vêm daí . A ciência não pode abolir o terrorismo ; só a consciência pode fazê-lo . Já se foi o tempo em que se dizia ingenuamente : " Abrir uma escola é fechar uma cadeia " . A experiência prova que os grandes malfeitores da humanidade não foram analfabetos , mas , sim , homens que não educaram a consciência .
Visão - E as Igrejas - não favorecem a educação ? Não é , essa , parte da sua razão de ser ?
Rohden - A teologia da Igreja ensina que melhor que viver corretamente é morrer corretamente . Se um homem vive cinquenta anos matando , roubando , defraudando e , nos últimos cinco minutos , se confessa e se converte , vai para a vida eterna . Isso é um convite antipedagógico , um convite tácito para uma vida má , contanto que haja morte boa . As teologias são tacitamente contrárias à educação da consciência . É uma denúncia que eu faço em base real . Simples moralidade não é educação .
Visão - Mas as Igrejas não pregam a ética do Evangelho ?
Rohden - Não . Substituíram o Evangelho pela teologia . O Evangelho exige uma vida honesta do princípio ao fim . Mas as Igrejas pregam que basta converter-se na última hora .
E tentam coonestar seu erro com uma falsa interpretação das palavras de Jesus ao ladrão na cruz .
Visão - Além da teologia , há na sua opinião , outras filosofias contrárias à educação operando nos chamados meios educacionais ?
Rohden - Os " meios educacionais " estão cheios dessas filosofias . Veja o behaviorismo de B.F. Skinner . Ele diz : " a liberdade é um mito . O livre-arbítrio não existe . " É uma filosofia que diz que somos autômatos , que somos condicionados pelo meio-ambiente . Ora , se não há livre-arbítrio , então não há base para a educação . O homem tem a alternativa de ser bom ou mau ; isto é , a possibilidade de auto-educação . Mas , se o homem é obrigado pelas circunstâncias a ser mau , ou a ser bom , então acabou-se toda a base para a educação .
Não negamos que as circunstâncias possam dificultar o exercício do livre-arbítrio ; negamos que o homem normal possa ser obrigado pelas circunstâncias a ser bom ou mau .
Visão - O vazio moral , a angústia existencial que muitos parecem sentir hoje em dia e que é constantemente representada na arte moderna-pintura , teatro , literatura , cinema , televisão , etc . - de onde vêm ?
Rohden - Vêm da falta de auto conhecimento e da falta de verdadeira educação . Esses fatores sociais - rádio , teatro , televisão , etc . - não podem educar porque , como já foi dito , a educação é um processo eminentemente individual . O que os citados fatores sociais poderiam e deveriam fazer é remover ou diminuir os obstáculos à verdadeira educação .
Infelizmente , porém , quase todos os programas de cinema , rádio , televisão são flagrantemente antieducativos . E isso acaba num vácuo ou numa frustração existencial , como repetirmos sem cessar .
Visão - Qual a relação entre a natureza humana e a auto-educação ?
Rohden - A auto-educação é a perfeita evolução da natureza integral do homem . Não é algo alheio introduzido nela ; é o conteúdo interno da própria natureza , eduzido e manifestado na vida externa individual e social . O homem profano , sem autocompreensão , abusa de tudo , inclusive de si mesmo , a fim de ter momentos de prazer superficial . Por outro lado , o homem místico isolacionista se recusa a usar qualquer objeto ; simplesmente recusa tudo . Mas o homem cósmico , o auto-educado e auto-realizado , usa de tudo sem abusar de nada . E isto é verdadeira educação .
O educador deve mostrar ao educando que quer ser fiel à sua própria natureza é ser feliz , embora essa felicidade nem sempre esteja livre de sofrimento . Enquanto o educando confundir felicidade com gozo , ou infelicidade com sofrimento , não tem o caminho aberto para a verdadeira educação . O homem auto-educando pode ser feliz no meio de sofrimentos e pode também ser infeliz no meio de gozos . A base da auto-educação é auto conhecimento , como já diziam os filósofos gregos : " Conhece-te a ti mesmo . "
Visão - Haverá no mundo moderno movimento de auto-educação ?
Rohden - Felizmente há , em todos os países , pequenos grupos que levam a sério a auto-educação . Conheço de convivência o movimento Neugeist ( Novo Espírito ) , nos países germânicos ; bem como a SelfRealization ( Auto-Realização ) , nos países anglo-saxônicos , que , na Inglaterra , também é conhecida como The New Outlook ( A Nova Perspectiva ) .
Esses movimentos são representados no Brasil pelo Centro de Auto-Realização Alvorada .
São iniciativas particulares de pequenas elites que tomam a sério a sua auto-realização , baseada no autoconhecimento da natureza humana e manifestada na vivência ética da vida diária , individual e social . Felizmente , o maior dos educadores disse , há quase 2.000 anos : " O Reino dos Céus está dentro de vós , mas é ainda um tesouro oculto , que deveis descobrir . " Com isso . o Nazareno afirma a presença de um elemento bom no homem e a necessidade que ele tem de revelar na vida diária esse tesouro oculto .
Isto é pura auto-educação .
" A instrução ensina o homem a descobrir as leis da natureza , isto é , a ciência ; mas a educação leva o homem a criar valores dentro de si mesmo "
" O homem instruído na ciência pode ser bom ou mau , mas o homem que educou sua consciência é necessariamente bom e feliz . "
Huberto Rohden
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sábado, 2 de janeiro de 2010

" Filosofia e sua finalidade !!! "

O que vem a ser filosofia ? Que finalidade definida tem ela ? Qual a vocação apropriada para um filosofo ?
Quais são as lições praticas da filosofia ? A resposta mais curta a todas essas perguntas é : a genuína filosofia mostra ao homem como viver ! Se não pudesse fazê-lo , se não lhe fosse possível servir a finalidade praticas , não valeria à pena tê-la . A filosofia não perfura afonosamente as mais espessas camadas do pensamento para depois alienar-se deste mundo sofredor . Ela não em abstração , mas em ação . Os frutos da filosofia só poderão ser colhidos neste nosso sofrido mundo , e não num remoto empíreo metafísico . A filosofia abrange um labor individual e social que deve contribuir visivelmente para o bem-estar da raça e faze-se sentir ao longo da historia , caso contrario não é verdadeiramente filosofia . A filosofia tem de justificar a sua existência através daquilo que é capaz de fazer , não apenas através daquilo que é capaz de imaginar . A filosofia deve mostrar aos homens não aquilo que eles realmente são mas também que rumo devem imprimir à sua conduta .
O fato é que a filosofia faz uma revolucionária diferença quando a existência humana , expressada em feitos humanos e inserida no trato humano . Desejo ardente dos defensores vivos do ensinamento oculto nesta nossa tormentosa era é que o divorcio artificial existente entre filosofia e a vida pratica chega ao fim . Anseiam eles fazer com que os homens se dêem conta de que a filosofia está intimamente ligada a vida e é útil como guia , inspirador e juiz . Uma das finalidades do volume subsequente será a de arguir a validade da critica costumeira de que os filósofos lidam com preocupações demasiado distantes da vida cotidiana para serem de alguma utilidade para alguém . Ali se mostra que o correto é exatamente o contrario , no que tange ao ensinamento oculto , pois a suas derradeiras lições afetam cada momento da existência terrena do homem .
Pois a filosofia não é uma pálida ficção feita apenas para os sonhadores , mas seu destino primordialmente aos homens de ação . Interesa-se ela por todo o ciclo da existência , não apenas por um seguimento . No instante em que começamos a refletir na vida , no instante em que começamos a levar em conta as lições da experiência , nos instantes em que nos pomos a procurar o significado ou a explicação do mundo em que vivemos nesse instante nós nos transformamos provisoriamente em filósofos . Onde o filosofo especializado vai mas além do que nós é quando exige toda experiência seja tomada como matéria para a reflexão , que a experiência de toda a existência seja alvo de meditação . Mas o critico perguntara como pode ser isso quando a história não escreveu ainda a sua última página , a experiência continua aumentando e a vida não chegou ao fim .
A resposta é que assim como um circulo pode ser indefinidamente aumentado sem deixar de ser um circulo , assim também a experiência pode ser ampliada sem que a verdade da experiência deixe de ser verdade . E que a verdade é o derradeiro alvo do filosofo . Por isso tem ele de trabalhar metodicamente , primeiro determinado o real significado da experiência universal e depois procurando traduzir esse significado em termos de atividades concretas . Suas ações visíveis devem ser inicialmente justificadas pela suas reflexões invisíveis .
O mundo não tem qualquer aplicação para uma doutrina que trata a vida comum dos homens como algo estranho e a parte . O mundo esta como a razão . O filosofo não conhece qualquer lugar neste vasto universo do qual a verdade deva ser expulsa . Daí constatar que os seus princípios são aplicáveis em toda parte e estão presentes em toda parte e que todo aquele que ignora tais princípios assim faz por sua conta e risco . A filosofia é exequível ; é posta em pratica , caso ao contrário não passa de meia filosofia .
Ela acredita na ação inspirada e no serviço iluminado . O seu valor não é conhecido dos diletantes que se entretêm durante um dia com teorias acadêmicas e depois se esquecem delas . A filosofia pode ser posta em ação : pode ser tornada útil aos trabalhadores , aos sofredores , e aos executivos da sociedade : mostra a todos como viver nas circustancia específicas em se encontram . Pois todos os atos de um verdadeiro filosofo descendem diretamente dessas idéias de verdade pelas quais ele lutou com tanto empenho . O filósofo aprende as regras certas do jogo da vida e se dispõem a obedecê-las .
Por isso , a filosofia se destina igualmente ao homem condenado a morrer na forca e ao homem que o condena do estrado da magistratura . A filosofia revela uma verdade cuja a aplicação a vida diária elimina o medo , desfaz as duvidas fornece inspiração e ativa a fortaleza mental . Quer sejamos trabalhadores de enxada e arado , cirurgiões de bisturi e lanceta , ou executivos em mesas de tampo de vidro , nós todos nos deparamos com momentos críticos nos quais precisamos da orientação segura , do dedo esclarecedor que apenas a filosofia pode oferecer . Pois só ela se preocupa com a rígida verdade de uma situação ao invés de suas distorções emocionais ou dos seus disfarces egoísticos . Por isso , o valor da filosofia é o valor da sua orientação pratica para o viver cotidiano . A ligação entre escritório , fabrica , fazenda , teatro , lar e filosofia é direta e clara . A filosofia é o guia para toda a vida . O seu valor final é dizer-nos como viver e como enfrentar e vencer as nossas dificuldades e tentações .
O estudo do ensinamento oculto exige que passemos por uma rigorosa disciplina intelectual que poderá prolongar-se por alguns anos em função da capacidade de raciocínio do estudante . De certo não será feito as pressas . Uma vez conquistado esse conhecimento , porém , o seu valor pratico resistirá a qualquer prova .
A sabedoria propiciada , a ética , a força que dá , a tranquilidade que esparge e a capacidade intelectual que desenvolve - tudo se combina para fazer do estudante que completa o curso , que passa da ignorância ao conhecimento , um homem melhor . Se tal homem abraçar a política , prestará serviços de relevância e não de pequena monta . Se se torna industrial seus produtos serão honestos e cheios de valor . O Homem treinado nos arredores e nas agruras da reflexão filosófica enfrentará cada problema , à medida que este se apresentar , com clara percepção e terá melhores condições que os demais para opinar corretamente sobre as coisas .
Todas as nossas idéias são mudas até que nós resolvemos a pó-las em prática . Então elas ganham voz e povoam a nossa mensagem . A vida filosófica não é um mero fragmento a ser vivido numa poeirenta biblioteca ; é uma experiência contínua , que seja vivida no lar , no escritório , no parlamento ou na fazenda . E um homem será melhor cidadão por ser filósofo da mesma forma pela qual será melhor filósofo por ser cidadão .
Se os seus estudos o separarem externamente da vida e da sociedade , certo será que não se trata de estudos filosóficos . Pois o filósofo tem de colocar o conteúdo de uma ação continuada e desinteressada nas frases finais e inteligentes que escreve ou fala , sob pena de ser apenas meio filósofo . Apenas quando os princípios da filosofia entrarem na sua corrente sanguínea poderá ele tornar-se um filósofo de verdade .

A verdade é dinâmica não um narcótico .

Em suas atividades diárias o filósofo se mostrará sempre um homem racional , sensato , prático e equilibrado . Ele compreende muito bem que as duas asas de um pássaro precisam movimentar-se para que o vôo seja equilibrado e que as duas faces do homem - pensamento e ação - precisam funcionar para que a sua existência se conserve equilibrada . Mas o equilíbrio do filósofo é ainda maior . No burburinho inquieto da sociedade moderna ele se conservará intimamente calmo e imperturbável . E a sua paz é de tal têmpera que subsiste quando ele sai da tranquilidade do seu refúgio filosófico para a agitação da rua .
A Disciplina filosófica treina a mente e através da mente todos os atos do homem .
Pensamentos constante e intensamente entretidos tendem mais cedo ou mais tarde a transformarem-se em atos . Por não haverem compreendido o poder do pensamento concentrado em termos de ajuda ou dano ao próximo deram os homens origem a esta era odiosa que estamos vivendo . Sem aderir aqueles que comprometem uma boa causa com uma lógica deficiente ou rebaixam a filosofia negando a força da ambiência externa , podemos dizer que a diretriz geral e habitual de pensamento tende , em última instância a reproduzir-se nas características do ambiente das pessoas .
A mente tanto tem propriedades de atração quanto de repulsão . Ela atrai outras mentes e condições materiais de natureza afim ; e repele as de natureza antagônica . Essa atividade se processa amiúde no subconsciente do homem ; não é necessário que ele se de conta dela para que ela seja efetiva . Essa silenciosa influência não cessa jamais de atuar .
Apenas quando a vemos com espantosa evidencia nas vidas dos bons e maus gênios entrevemos o poder latente do pensamento controlado e concentrado .
É esse invisível homem interior de pensamento e sentimento que dita as ações e reações diárias do homem , que o enfrenta quando ele está só e que vive uma existência secreta que poe em perigo ou protege a sua existência externa . Os pensamentos que mais amiudamente lhe ocupam a mente e os estados de animo que com maior frequência lhe enchem o coração são os ditadores invisíveis do homem e , em comparação com seu corpo físico , constituem o mais importante do seu eu . As raças mais jovens do ocidente examinam primeiro a estatura externa de um homem quando interessado em avaliá-lo , ao passo que os mais antigos asiáticos já sabiam a milhares de anos que na mente encontra-se a maior fonte de poder do individuo . Aqueles antigos sábios de rostos benignos que se sentavam de pernas cruzadas nas florestas do Himalaia ensinavam aos seus reverentes discípulos essa verdade vital . Assim sendo , esse ensinamento se justifica amplamente do ponto de vista utilitário .
Tudo e todos estão em relação com alguma coisa ou alguém . Nada ou ninguém está só a vida de toda criatura está interligada com as vidas de outras : a sua suposta independência não passa de um engano . A humanidade de forma especial se encontra inter-relacionada . Por isso . O filosofo não é apenas um filosofo ; é também um membro da sociedade . Ele não pode furtar-se a isso , não pode desenredar-se por completo .
Mesmo que se retire para uma caverna ele precisara de alguém que cuide dele ou de um cão ou de uma vaca que lhe de leite , e , pronto , ai estará formada uma sociedade ! A forma pela qual ele irá se conduzir nessa sociedade dependerá de princípios éticos que seguiram sendo exatamente os mesmos até mesmo se si tratar de uma sociedade de dois milhões de seres e não apenas dois . Contribui então a filosofia de alguma forma para a ética , para os valores , para algo que oriente no sentido exato do caminho do dever ?
A resposta é que a filosofia é a única coisa no mundo que presta tal contribuição na máxima medida em que é necessitada pela existência humana . Uma vez que tomemos consciência desta grande verdade , todas as questões de maior importância que pertubam a humanidade assumirão um aspecto totalmente novo . Então , e somente então , poderão surgir soluções satisfatórias para antigos e graves problemas . A própria atmosfera em que essas respostas serão elaboradas sofrerá profundas transformações .
Seremos obrigados contra a nossa vontade ou não , a dar formas novas as antigas indagações , porque o padrão de referencia será agora bem diferente daquilo que era .
Aqui o estudante de filosofia encontra o real valor seus estudos e recebe a sua recompensa através de uma percepção despertada que lhe mostra como agir corretamente , sabiamente , e bem . O filosofo não pode nunca ser um fracassado na vida , por mais que a sorte não lhe seja favorável .
A filosofia se destina não apenas a interpretar o mundo , mas também a melhorá-lo , pois ela averigua as idéias até a sua conclusão pratica . O idealismo social ou pessoal deve estar relacionado com um objetivo exequível , caso contrario será ruinoso . A filosofia propicia uma bússola aos desorientados . Em consequência , destinasse tanto aqueles que tem consciência da ausência de qualquer princípio de orientação ética em suas vidas quanto aqueles que buscam o conhecimento puro . A filosofia é de grande valia na tomada das decisões face as exigências da vida pratica . O que em todo o âmbito da cultura humana , poderia ser de maior utilidade ? ...
O filosofo não teme nenhumas das facetas da vida . Ele faz do contraditório a complementação por isso não precisa fugir do mundo como o asceta . Aquele tanto de fuga que julga necessário é realizado em segredo dentro do seu coração e não abertamente , como acontece com o monge que exibe ao mundo seu habito colorido .
Nenhuma fuga ao mundo poderá , segundo ele , propiciar qualquer sabedoria , pois estamos no mundo para aprender as suas lições . No obstante , o filosofo é uno com o monge naquilo em que deseja permanecer livre da sujeição ao desejo e que procura dominar as próprias emoções . Além desse ponto , ele não pode caminhar lado a lado com o fanático asceta . Seus maiores esforços sendo concentrados no controle do pensamento e na disciplina do intelecto , quando bem sucedidos garantem-lhe a capacidade de enfrentar o conforto e o desconforto com isenção sufiente para manter sua mente tranquila e lhe asseguram também o poder de trabalhar nos ambientes mais agitado sem perder o mínimo da sua calma interior .
Texto : ( Livro : A Sabedoria Oculta Alem da Yoga - Paul Brunton - Pgs : 297 a 303 )
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