quarta-feira, 30 de maio de 2012

" Centelhas Divinas : Como nascem as Almas "

Somos pequenas porções da própria energia de Deus Pai/Mãe .
A princípio , viemos como centelhas divinas , acompanhando as formas elementais de vida ( Plantas , Pedras , Etc . . . ) , podendo sentir todas as sensações ao seu redor e aprender com elas . . .
Com o passar do tempo , e com o conhecimento sendo adquirido , passamos a acompanhar outras formas de vida mais complexas até que em dado momento , a partir dessa centelha de vida original , eram criadas as almas que passariam então a fazer parte do círculo encarnatório dando prosseguimento a sua jornada rumo a evolução espiritual . . .
As almas que se originam da mesma centelha divina são nossa família espiritual , com quem criamos fortes laços e que muitas vezes chegamos a reconhecer em reencarnações diferentes .
Ao contrário do que se pensa , não somos incompletos . A ideia de alma gêmea passa a impressão de que precisamos encontrar uma metade que nos complete para que possamos ser felizes e viver o amor verdadeiro . . .  Como pequenas extensões da própria energia de Deus PAI/MÃE , como já mencionei anteriormente , somos também seres divinos , únicos e plenos . Já fomos criados completos e a ideia de que nos falta um " METADE " é um tanto equivocada .
Nossa felicidade e realização está unicamente em nossas próprias mãos . Podemos escolher caminhar ao lado de uma ou mais pessoas e dividir com ela nossos sentimentos e realizações , mas não podemos colocar nas mãos dessas pessoas a responsabilidade sobre nossa própria felicidade , seria até injusto .
O que as vezes temos a felicidade de encontrar em nossas muitas vidas , são aquelas almas com as quais dividimos a centelha de vida . Aquelas almas que são extensões suas , com as quais você compartilha sua essência . Essas são as almas afins , que como o próprio nome sugere , possuem muita afinidade e identificação com você .
Geralmente as nossas encarnações na terra sempre ocorrem dentro da mesma família espiritual , ou seja , geralmente são nossas almas afins que estarão ao nosso lado em nossa jornada evolutiva . Tudo depende do grau da evolução que cada um alcançou e a missão que cada um escolheu realizar nesse ciclo encarnatório . Algumas de nossas missões também podem ser junto a outras famílias espirituais , dependendo dessas escolhas .
Então , quando muitas vezes encontramos aquelas pessoas com quem nos identificamos imediatamente , que dividem conosco ideias e crenças semelhantes e por quem muitas vezes nos apaixonamos e com quem escolhemos dividir nossas vidas e caminhar lado a lado , é que tivemos a felicidade de encontrar com nossas almas afins .
Quando o círculo encarnatório termina , seguimos realizando nossas missões para auxiliar a evolução de outros irmãos em diferentes dimensões , e muitas vezes podemos escolher voltar a terra para trabalhar essa missão aqui , mesmo quando reencarnar já não se faz mais necessário . . .
E em todo nosso ciclo evolutivo a palavra que fundamenta toda a jornada e onde iremos chegar é a escolha . Como pequenas extensões da energia e amor divinos , temos a liberdade de escolher nossos caminhos , nossas verdades e como levar a vida . Todos fomos criados com igual direito e a partir dai , decidimos como iremos percorrer nossos caminhos . . .
Até mesmo os nossos irmãos que hoje se encontram perdidos em meio a escuridão , podem um dia se escolherem , voltar pra luz e prosseguir sua jornada evolutiva . Isso é amor incondicional da grande energia que nos criou . Está tudo em nossas mãos . . .
Compreender que somos responsáveis por tudo que acontece em nossas vidas e por todas as consequências que nossas escolhas trarão a ela é um passo importante para que todos possam prestar mais atenção ao rumo que vem seguindo e mudar se for de sua vontade .
Nesse exato momento , temos muitos irmãos na luz , de outras dimensões trabalhando junto a nós aqui na terra .
Temos muitos irmãos bastante evoluídos também que escolheram voltar a terra para realizar esse trabalho de preparação para as mudanças que estão porvir .
Sempre que precisar , basta fechar os olhos e pedir a presença de seus irmãos de luz ao seu lado . Eles sempre estão próximos e precisam de nossa ajuda para trabalharmos junto a eles nessa bonita missão de ajudar aqueles que mais precisam a encontrar sua própria luz e semear o Bem .
Não importa nosso nível de evolução , não importa quais caminhos escolhemos trilhar . . . somos todos iguais , somos todos irmãos e estamos aqui para nos auxiliar .
Somos todos extensões do amor e da energia de nosso Deus PAI/MÃE .
Somos nascidos de um amor puro e incondicional .
Somos filhos do amor .
E a resposta para tudo está num único lugar : Nossos corações , basta apenas estarmos dispostos a ouvi-lo
( Gostaria de enfatizar , que esse texto foi algo que senti e é a minha visão sobre o assunto , de acordo com experiências e coisas que aprendi . Senti que deveria escrevê-lo e dividir o que pude aprender com todos vocês . . . )
Texto autor desconhecido .
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segunda-feira, 21 de maio de 2012

" A IMORTALIDADE CONSCIENTE "

A ILUSÃO DA EXPERIÊNCIA DO EGO

Como controlar a mente ?
A mente é impalpável . De fato ela não existe .
O meio mais acertado de controlar a mente é ir em sua busca . Então , as atividades dela cessam . Vá à procura de sua própria mente ; uma vez estando perseguida , desaparecerá . A mente é apenas um feixe de pensamentos . Pensamentos surgem porque aí há um pensador . O pensador é ego . O ego desvanece automaticamente , quando o estamos procurando . O ego e a mente são idênticos . Ego é a raiz-pensamento da qual todos os outros pensamentos brotam . Mergulhe em si mesmo . Você agora sabe que a mente surge de dentro . Portanto afunde-se dentro de si e aí procure . Não precisa eliminar o falso " eu " . Aliás , como o " eu " poderia eliminar a si próprio ? Todos deveriam fazer o mesmo para descobrir sua origem e aí permanecer . Seus esforços , contudo , não podem se estender além disso . Então , o Além tomará conta de si próprio . Aí você está impotente .
Nenhum esforço poderia lho revelar .
O individuo não pode existir sem SER , mas o SER pode existir sem o individuo .
Nossas análises não têm fim , isto é , vão tão longe quão longe o intelecto pode levar . Porém as nossas análises não são suficientes . Não basta eliminar o " não-eu " . O processo é tão-somente intelectual . A Verdade não pode ser diretamente apontada . Daí a necessidade do processo .
Agora , a verdadeira busca interior começa . O " pensamento-eu " é a raiz e deve agora ser perseguido até a sua fonte . Descubra o que há aí e nela permaneça .
O processo é puramente intelectual , ou faz com que se manifeste uma sensação que predomine ?
O último .
O " eu " pessoal é um reflexo na mente do " EU " real .
Pergunte a si mesmo QUE SOU EU ? O corpo e suas funções não são " eu " . Persista , vá mais a fundo . Os sentidos e suas funções não sou " eu " . Vá fundo : a mente e suas funções não sou " eu " . O passo seguinte é a pergunta : 
" De onde esses pensamentos surgem ? Os pensamentos são espontâneos , analíticos ou superficiais . Quem está ciente deles ? A existência de suas operações se torna evidente para o " eu " individual . A análise leva à conclusão de que essa individualidade é operante como conhecedora da existência dos pensamentos . Isso é ego . Depois pergunte : " O que é aquilo e de onde vem ? " Faça a análise do sono : " O Eu-sou " está subjacente em três estados - sono , vigília e sonho . - Após haver descartado todos os " não-eus " , encontramos o resíduo - o SER absoluto .
O mundo e o ego , ambos , sendo objetivos , devem estar eliminados de nossa análise . Eliminado o irreal , o Real aparece . Depois de haver feito , esta eliminação , procure eliminar a mente , progenitora da ideia da dualidade e do ego . A mente é uma das formas de manifestação da Vida .
Esse método é mais rápido que o desenvolvimento da qualidade dos pensamentos necessários à salvação ?
Todas as más qualidades são as amarras em volta do ego . Quando o ego se vai , a realização torna-se evidente . No " Eu Sou " não há nem boas nem más qualidades .
" EU SOU " é livre de quaisquer qualidades . As qualidades pertencem só a mente .
A indagação deveria estar lá onde o " eu " estivesse .
Após haver surgido o " pensamento-eu " , vem a falsa identificação do " eu " com o corpo , os sentidos , a mente etc .
O Verdadeiro SER os tem perdido longe de vista . Para peneirar o puro " EU " do " eu contaminado , cujo descarte ( dos revestimentos citado em Chastras ) está em pauta .
Contudo , isso não significa exatamente o descarte de " não-ser " , e sim , significa a descoberta do real " SER " . O SER real é o infinito " EU-EU " em perfeição . Ele é eterno . Não tem origem nem fim . O outro " eu " nasce e morre . Ele é impermanente . Observe a quem esses pensamentos mutantes ocorrem . Você os encontrará surgindo depois do pensamento " eu " . Mantenha-se no " pensamento-eu " ; esses vão sossegar . Seguindo o vestígio da fonte do " pensamento-eu " , somente o " EU SOU " permanecerá .
A raiz dos pensamentos é ego , Ahankara .
Dizer " não sou o corpo " , mas " EU SOU O QUE SOU " , também não está correto . Não há pensamento do " eu " no verdadeiro SER .
Descubramos se os pensamentos podem ser dirigidos a qualquer pensamento que seja , como base de suas operações . Você não percebe que o pensamento ou a ideia sobre " eu " , ideia sobre a personalidade é igual ao pensamento-raiz ?
A individualidade , Antakarana , é mediadora . Esta é o que chamamos Sukshna ( corpo astral ) e age como mediadora entre o corpo e o SER . Esta pode voltar-se tanto ao corpo como para o SER , imergindo num ou no outro .
O " pensamento-eu " não é puro ; é contaminado pela associação com o corpo e os sentidos . Observe a quem isso causa problema . Ao pensamento- " eu " . Mantenha-o , então os outros pensamentos não surgirão .
Sim , mas como fazê-lo ? É nisso que está toda dificuldade .
Pense " eu-eu-eu " e mantenha-se somente nisso , excluindo todos os outros pensamentos .
O que é auto-entrega ?
É o mesmo que autocontrole . O controle fica inoperante para remover Samskaras* . O ego se submete somente quando reconhece o Alto Poder . Tal reconhecimento é auto-entrega ; a submissão a Ele é autocontrole . De outro modo , o ego fica presunçoso como a imagem esculpida na torre , a fim de que se faça notar pelo seu aspecto incomum , carregando a torre nos seus braços . O ego não poderia existir se não houvesse o Alto-Poder , no entanto , pensa que age por sua própria vontade . Um passageiro de trem leva a sua bagagem na cabeça por sua própria tolice . Deixe-o colocá-la no chão ; e ele pensará que a bagagem chegará ao seu destino da mesma forma . O auto-controle não nos deixa tomar atitude de quem pensa que age , mas faz com que nos resignemos a ser guiados pelo Poder .
O desejo de dormir ou o medo da morte existem quando a mente está ativa e não nos respectivos estados .
A mente sabe que a entidade-corpo subsiste e reaparece depois de haver dormido . Por conseguinte , o sono não é esperado com medo , mas com prazer pela inexistência temporária do corpo - a não existência dos pensamentos .
Por outro lado , a mente não tem certeza de aparecer depois da chamada morte e , consequentemente , tem pavor dela .
A fonte do ego está no " Eu Sou " e não está separado dele . Contudo , para que o ego possa imergir nessa fonte , deve retroceder até à sua origem . Ao âmago do ego damos o nome de Coração . Hrydaia .
O que é a morte ? Não seria o desfalecimento das forças vitais do corpo ?
Você não deseja isso no sono ? Então o que está errado ?
Mas eu sei que vou acordar .
Sim , raciocine bem . Houve um pensamento anterior " Eu despertarei " . Os pensamentos decretam a vida .
A libertação dos pensamentos é a nossa verdadeira Natureza-Beatitude . A morte é apenas pensamento , nada mais .
Quem pensa , levanta distúrbios . Deixe que o pensador diga o que acontece com ele na morte . O EU real fica silente .
Não se deve pensar - " sou isso " - " sou aquiloutro " . -
Dizer " isso " ou " aquilo " é errado . Também não passam de limitações . Somente " EU SOU " é verdadeiro . Silêncio é " EU " .
Se uma pessoa a quem amamos morrer , isso causará sofrimento . Podemos evitar que semelhante sofrimento seja causado amando a todos de igual maneira , ou simplesmente não amando ninguém ?
Quando um ente-querido morre , o sofrimento atinge só a outrem que vive . O meio de superar o sofrimento está em não-viver . Mate aquilo que sofre . Quem gostaria de estar sofrendo ? O ego tem que morrer . Esse é o único meio . As duas alternativas resultam do mesmo estado . Quando tudo é o SER , quem fica aí para ser amado ou odiado ?
Há uma categoria de pessoas que quer saber tudo a respeito do seu futuro e dos nascimentos passados . Ignoram o presente . O peso do passado é a presente miséria .
Por que trazer de volta o passado ? É um desperdício de tempo .
O SER é Dínamo Elétrico ; a mente é o contato de ligação ou de distribuição , um interruptor , enquanto o corpo é uma lâmpada . Quando a hora-karma chegar , trazendo morte , a mente desliga a corrente e retira a Luz-Vida do corpo . A mente e a vitalidade , ambas são manifestações da Suprema Vida-Energia , o SER .
Podem os Yogues mostrar-nos alguém que morreu ?
Sim , eles podem , contudo , não me peça para fazê-lo pois eu não posso . Conhecemos nossos pais antes deles nascerem ? Então por que devemos conhecê-los depois da morte deles ?
O que acontece com a pessoa depois da morte ?
Empenhe-se em viver o presente . O futuro tomará conta de si mesmo . Não se preocupe com o futuro . O estado antes da Criação e o processo da Criação têm sido tratados nas Escrituras a fim de que você possa saber o presente . Você diz que nasceu é porque elas assim o dizem ? O que é que nasce ? De onde ? É do " pensamento-eu " ou do corpo ? O " Eu " está separado do corpo ou é idêntico a ele ? De que modo surge o " pensamento-eu " ? Será que o " pensamento-eu " é a sua natureza ? Ou algo mais é sua natureza ?
Isso inclui o " eu " do Jnani , porém , este não se identifica com o corpo . Pois para ele nada pode existir além do SER . Quando o corpo falece , não há perda alguma para o " EU " . O " EU " permanece o mesmo . Se o corpo sente a morte , deixa-o fazer perguntas . Estando inerte , não pode fazê-lo . O " EU " nunca morre e não faz perguntas . Então , o que é que morre ? Quem pergunta ?
O Senhor vê o morto ?
Sim . Nos sonhos .
De onde então surge o ego ?
A alma , a mente , o ego são meras palavras . Aí não existe nenhuma espécie de verdadeira entidade . Somente a Consciência é única verdadeira .
O esquecimento da verdadeira natureza é a morte real ; a recordação dela é verdadeiro nascimento . Ponha fim aos sucessivos nascimentos . Sua se torna então a Vida eterna . Por que lhe vem o desejo de Vida eterna ?
Porque o estado presente em que você se encontra é insuportável . Por quê ? Porque essa não é a sua verdadeira natureza . Faça com que ele seja sua real natureza , então , não mais haverá o desejo para deixá-lo agitado . Como , de que maneira o estado presente difere de sua real natureza ? Em verdade , você é espírito .
O homem julga a si próprio limitado ; isso o incomoda .
A ideia está errada . No sono não existiam o mundo , nem o ego , e não havia confusão . Alguma coisa acorda desse feliz estado e fala " eu " . Para esse ego o mundo reaparece .
O ressurgimento do ego é a causa da confusão . Basta observar o ego e segui-lo até a sua fonte para reaver esse imutavelmente feliz estado de sono sem sonhos . O SER está sempre aí ; a sabedoria aparece somente em declive , embora isso seja natural .
Ego e SER são a mesma coisa ?
O SER pode existir sem ego , ao passo que o ego não pode existir sem o SER . Egos são como borbulhas no oceano .
As impurezas e os apegos mundanos afetam somente o ego . O SER permanece sempre puro , nada pode afetá-lo .
Todas essas coisas são apenas conceitos mentais . Você agora está se identificando com o falso " eu " , com o " pensamento-eu " . Esse pensamento- " eu " surge e pensa ; sempre está no vaivém . Enquanto que o " EU SOU " no seu verdadeiro significado não pode fazer isso . Não pode haver quebra no seu ser .
O pai do seu " eu " pessoal é o real EU SOU - Deus .
Procure encontrar a fonte do seu " eu " pessoal , e achará o outro " EU " .
Onde os desejos vão , o " eu " pessoal segue .
Quando jovem , eu era muito autoconfiante . Agora que estou velho , tenho medo . As pessoas riem de mim . 
Mesmo quando você diz que " era autoconfiante " , não era assim como disse - você era ego confiante . No lugar disso , se eliminasse o ego , seria realmente o SER autoconfiante . Seu orgulho era meramente o orgulho do ego . Tanto quanto você se identificar com o ego , reconhecerá também seus outros egos pessoais , e lá haverá lugar para o orgulho . Mas , desligando-se do ego , os outros egos também se desligarão ; assim , não haverá mais lugar para orgulho .
Tanto quanto permanecer na mente o sentido de separação , os pensamentos serão sempre aflitivos . Quando tornar a reaver a Fonte original , o sentido de separação irá desaparecer por completo . Sobrevirá então a paz . Considere o que acontece quando uma pedra está lançada para o alto . A pedra , ao ser lançada , deixou sua fonte e procura cair , estando sempre em movimento até alcançar sua fonte , o lugar onde estava . Assim também ocorre com as águas do oceano que evaporando-se das nuvens movidas pelos ventos se condensam em água e caem como chuva ; as águas rolam agitadas dos topos de morros em córregos e rios até encontrarem sua fonte original , o oceano , e a ele se juntando , se acalmam . Assim , você percebe que , onde haja o sentido de separatividade da fonte , há agitação e rebuliço , até que o sentido de separação se perca . O mesmo ocorre com você . Agora , estando identificado com o corpo , pensa estar separado . Você tem que reaver sua Fonte Primeva , antes que essa falsa identidade cesse para que seja feliz . O ouro não é um ornamento , mas o ornamento é feito de ouro e , embora haja diferentes formas de ornamentos , deve sua feição somente a uma realidade , isto é , ao ouro . Conforme foi demonstrado , diz respeito também aos corpos e ao SER . - A Realidade é o SER . Identificando-se com o corpo e ainda procurando a felicidade é como uma tentativa de atravessar nas costas do jacaré um rio pouco fundo onde se pode passar a pé . A identidade-corpo deve-se à extroversão e ao vaguear da mente
Continuar nesse estado , só poderá mantê-lo numa das infinitas massas confusas , e aí não haverá paz . Procure sua fonte , mergulhe no SER , no " EU SOU " , e permaneça todo UM . O desejo de renascimento significa de fato a insatisfação com o presente estado e quer-se renascer onde não haverá dissabores . O nascimento , sendo do corpo , não pode afetar o SER . " EU SOU " sempre permanecerá , mesmo depois de o corpo perecer . O descontentamento é devido à errada identificação do SER Eterno com o corpo perecível . O corpo é um necessário adjuvante do ego . Se o ego morresse , o SER Eterno revelar-se-ia em toda a Sua Glória . O corpo é a cruz . Jesus , o Filho do Homem , é o ego , ou melhor , a ideia " eu-sou-o corpo " . Quando crucificado , o Glorioso SER , o Cristo , Filho de Deus , ressuscita . " Não te apegarás a essa vida se quiseres viver " .
Um Jnani esmaga o ego na fonte , desde que surge .
O ego porém não deixa de se levantar vezes e mais vezes , tanto num Jnani como no ignorante , pois , é impelido pela natureza , isto é , Pravabhda . O ego brota e cresce no ignorante tanto como no Jnani , mas com esta diferença :
O ego do ignorante , quando surge , é ignorante de sua fonte , ou seja , ele não está cônscio disso nem no sono profundo , nem no sonho e nem tampouco no estado de vigília ; enquanto que um Jnani , quando seu ego surge , desfruta sua vivência transcendental com esse ego , sempre mantendo Lakshya nessa fonte . Seu ego não é perigoso , representa meras cinzas do esqueleto de uma corda incinerada , apesar da ineficiência da sua forma . Mantendo constantemente o nosso Lakshya em nossa fonte , faremos com que o nosso ego se dissolva .
Como se torna possível esta realização ?
Há um SER ABSOLUTO do qual vem a centelha como a do fogo . À centelha damos o nome de EGO . No caso do ignorante , que se identifica com algum objeto logo que surge , porque não pode ficar livre de semelhantes associações . Esta associação é ignorância , cuja destruição é o objetivo de nossos esforços . Quando as tendências objetivas do ego estiverem mortas , ele fica também puro e imerge na sua fonte . Podemo-nos separar daquilo que é externo , mas nunca daquilo que está dentro de nós . Consequentemente , o ego não é mais um com o corpo . Isso deve ser conscientizado no estado de vigília .
A pergunta " Que sou eu " é um machado que corta fora o ego .
O intelecto sempre está em busca do conhecimento externo , excluindo o conhecimento de sua própria origem .
A mente é apenas identificação do SER com o corpo e é isso que o falso ego inventou e em volta disso gerou falsos fenômenos e neles parece mover-se . Se uma falsa identidade esvanecesse , a Realidade se tornaria aparente .
Isto não significa que a Realidade não esteja mesmo agora , neste instante . Ela é sempre presente e perenamente a mesma .
Como se ver livre do egoísmo ?
Quando você se conscientizar do que o ego realmente é , isso será suficiente para livrar-se do egoísmo .
É o próprio ego que irá se esforçar para libertar-se dele .
De outro modo , como poderia ele morrer ? Quando seu ego se for é porque alguma coisa deve tê-lo matado . Alguma vez ele consentiria em cometer suicídio ? Por conseguinte , de primeiro , conscientize o que é a verdadeira natureza do ego , e ele concordará em sair por ele próprio . Examine , observe a natureza do ego - esse é o processo de percepção . Quem perceber o que é sua verdadeira natureza , será livre do ego . Até que nossos esforços sejam corretos , é como correr atrás de sua própria sombra ; mais se avança , mais distante se torna a sombra . Se deixamos nosso próprio SER , então o ego imediatamente se manifestará . Ao perceber nossa verdadeira natureza , então o ego morrerá .
Estando em nossa própria realidade , não mais precisamos preocupar-nos com o ego .
Vá em busca de sua Fonte . Descubra de onde brota o " eu " - pensamento . De que coisa poderíamos estar mais seguros e certamente saber mais que o nosso próprio SER ?
Mas isso é uma vivência direta e não pode ser posteriormente descrita .
Quando o presente " eu " se vai , a mente então se torna reconhecível pelo que ela é - um mito . O que fica é puro SER . No sono profundo o SER , embora imperceptível - pois nem o corpo nem o mundo O percebem - existe ; então reina a felicidade .
O Senhor disse que devemos encontrar o divino centro dentro de nós . Pois bem . Se cada ser individual tem um centro , então deveria haver milhões de centros divinos .
Há somente um Centro , para o qual não existe circunferência . Mergulhe fundo dentro de si mesmo e O encontre .
Concentrando sobre Ele ou sobre o Observador - " EU SOU " - há uma vibração mental " Eu " no qual tudo se reduz . Perseguindo-o até a Fonte do " Eu " , o Primordial " EU-EU " somente permanece . Mas isso é inexprimível .
Aí não há um mutável e imutável SER ?
A inconstância é mero pensamento . Todos os pensamentos surgem depois de haver surgido o pensamento " eu " . Observe a quem esses pensamentos surgem ; então , transcenda-os e eles baixarão . Isto quer dizer que , perseguindo-os até a fonte do pensamento- " eu " , você conscientizará o perfeito " EU-EU " , que é o nome do SER .
A memória , o sono e a morte afetam o SER ?
Aí está a confusão que se deve à distinção que não se faz entre o falso e o real " EU " . Esses três aspectos ou modos pertencem ao falso ego .
Viveka-Chudamani deixa claro o que o " eu " artificial de Vijnana Kosha é uma projeção através da qual se deve olhar para perceber o verdadeiro princípio do " EU " .
O que é ego-entidade ?
O ego aparece e desaparece ; ele é transitório , mas o SER-entidade real , está sempre , permanentemente .
O que é prostração ?
Significa submissão do ego . O que é submissão ?
Mergulhar na Fonte . Deus não se deixa ludibriar pelas externas genuflexões e reverências . Ele sabe se o ego está ali ou não .
EU SOU é oceano e os egos são Nele borbulhas . As borbulhas se formam e passam .
E quanto às más condições , nascimentos e mortes , por exemplo ?
Primeiro o ego vem ; brota logo que nascemos , porém , realmente não morremos .
É errado dizer " percebemos " , pois , procurando descobrir quem percebe , o SER desaparece " Eu " é o sujeito e todos os outros pensamentos inclusive o objeto são - a mente .
Estava você cônscio de si quando pegou no sono à noite passada ? Não ! Evidentemente . O que há que agora existe e o perturba ? É o ego . Livre-se dele e seja feliz .
A ego-libertadora mente tem sua força minada ; é fraca demais para resistir aos torturantes pensamentos .
Porém , a mente sem ego é feliz no sono profundo , sem sonhos . Portanto , isso claramente demonstra que a felicidade e a infelicidade são apenas modos da mente . Contudo , o modo dela fraco não é fácil de se converter em seu modo forte . A atividade da mente é fraqueza e , portanto , é o gozo da alma . A força adormecida não é aparente , de modo que fica sem utilidade alguma .
Considera-se a Criação sob dois aspectos : Criador e a alma individual . E é isso que posteriormente tem causado a dor e o prazer , sem consideração para quem os tenha concebido . A dor e o prazer não têm relação com o fato em si , mas com os conceitos mentais . Mate a personalidade-ego e não haverá aí nem dor nem prazer . A natural beatitude da alma subsistirá eternamente .
A morte consciente é a finalidade da evolução e a imortalidade consciente deve ser vivida enquanto ainda se está na carne .
Como conhecer o " EU SOU " ?
Procure conscientizar o que esse " EU SOU " é . O que você considera como SER , na realidade , ainda não é ; é apenas a mente , o intelecto ou " eu " - pensamento .
Assim , pegue-os , assenhore-se deles . Os outros pensamentos esvanecerão por si mesmos , deixando o SER se revelar .
Há dois " eus " aí ? Sabe você de sua própria existência ? Vê-se você a si próprio com estes olhos ? Pergunte a si mesmo como esta pergunta lhe veio ? O " Eu " fica para perguntar isso ou não ? Posso eu encontrar a mim mesmo como num espelho ? Por ser sua visão acostumada a voltar-se para fora , perdeu o vislumbre do SER , e sua percepção é toda externa . O " EU SOU " não pode ser encontrado em coisas externas . Faça com que seu olhar vire para dentro , e mergulhe fundo em si mesmo . Você será o SER .
De que maneira se deve proceder para matar o ego ?
Observe de quem são as dúvidas . Que é aquele que duvida ? Quem é o pensador ? Esse é ego . Agarre-o ! Os outros pensamentos morrerão ao nascer . O ego é puro em si . Observando de onde ele surge , você contemplará pura Consciência .
Começo a perguntar-me " quem sou eu " . Eliminei o corpo , por não ser " Eu " , o prana , por não ser " Eu " , a mente , por não ser " Eu " e não sou capaz de prosseguir adiante .
Bem , o intelecto vai só até aí . Seu processo era apenas intelectual . Deveras , todas as Escrituras Sagradas mencionam o processo para guiar aquele que busca . Por isso existe o processo intelectual . Agora , escute bem . Quem eliminou todos os " não-eus " , não pode eliminar o " Eu " .
Ao dizer " eu não sou isso " ou " não sou aquilo " , pensa que aí deveria haver um " Eu " . No entanto , esse " Eu " é apenas ego ou pensamento-eu " . Porque depois desse " eu " - pensamento surgir , surgem todos os outros pensamentos .
Consequentemente , o pensamento- " eu " é raiz-pensamento . Se a raiz estivesse cortada , todos os outros pensamentos estariam desenraizados . Portanto , procure a raiz- " eu " e pergunte a si mesmo - " Que sou eu ? " Encontre a Fonte dele . Então , tudo isso desvanecerá e somente o puro " EU SOU " permanecerá . Este " EU " fica sempre aí - em Shushupti - tanto durante o sono como quando estamos plenamente despertos . Um no sono e Um que agora fala é o mesmo " Eu " . Há sempre uma sensação do " Eu " , do contrário , você negaria sua existência . Não diga " eu sou " mas descubra o que sua existência é .
A realidade de você mesmo não pode ser contestada .
SER é primordial Realidade . Um homem comum , inconscientemente toma por realidade sua realidade interior , inclusive todas as coisas que lhe cheguem à consciência como seus pertences , o corpo , a mente etc . Ele tem que desaparecer e esquecer .
É possível conhecer o estado de uma pessoa depois da morte dela ?
É possível ; mas por que procurar sabê-lo ?
Porque eu julgo a morte do meu filho real , conforme o meu nível de compreensão .
Com o nascimento do " eu " - pensamento nascem os filhos . A morte deles é a morte do progenitor . Depois do " eu " - pensamento , ao surgir o corpo , surgiu uma identidade falsa . Pensando com o corpo , você apresenta falso valor para os outros e identifica-os como corpo . Pensa você sobre seu filho antes do nascimento dele ? Só porque está pensando nele , julga ser seu próprio filho . Para onde ele se foi ? Regressou à fonte de onde brotou . Ele é um com você . Tanto quanto você existir , também . Contemple o SER real , e esta confusão com o corpo esvanecerá . Você é eterno . Os outros serão encontrados por serem eternos . Enquanto esta Verdade não for conscientizada , sempre existirá o sofrimento devido à identificação errônea . Nascimento , morte e renascimento deveriam ao menos fazer com que você investigasse essa questão e visse que aí não há nascimento ou reencarnações . Estes dizem respeito ao corpo e não ao SER .
O que acontece ao ego criador depois da morte do corpo ?
O ego é " eu " - pensamento . Em sua forma sutil permanece como pensamento , enquanto que no seu aspecto sólido abrange a mente , os sentidos e o corpo . Esses desaparecem no sono profundo junto com o ego , porém , o SER continua ali sempre . Algo semelhante ocorre na morte . O ego não é uma entidade independente do SER , porquanto pode ser criado ou destruído por si próprio .
As funções dele , como instrumento do SER , cessam de funcionar periodicamente , quer dizer , aparecem e desaparecem com o nascimento e a morte .
Procuro encontrar o real " EU " e fico sempre frustrado , sem poder alcançá-lo .
É suficiente renunciar ao " eu " pessoal , e não lhe serão necessários os esforços para conquistar o verdadeiro " EU " . Contudo , não pense que haja alguma diferença entre você e o SER . Então , entregue-se a Ele , mergulhe nele sem reservas tanto como não há como enganar Deus .
E depois da morte ?
Pergunte primeiro " quem " ou " que é " aquilo que nasce . É o corpo e não você . Por que se atormentar com as coisas que estão além de você , como com a morte , por exemplo , quando seu SER está aqui presente ?
Quanto tempo se fica em outro mundo entre os nascimentos e mortes ( reencarnação ) ?
O sentido do tempo é relativo . Do sonho você pode viver os acontecimentos do dia inteiro em dois tempos . Ao passo que , em corpo sutil , no mundo dos mortos , você pode fazer o mesmo e viver aquilo que , embora pareça passarem-se mil anos , pelo seu tempo poderia ter passado apenas cem anos .
Quando as notícias da morte de alguém chegavam a Maharhi , Ele respondia : " O sono faz com que o homem o tema ? O sono é a morte temporária . A morte é um longo sono . Quem desejaria permanecer preso no corpo perecível ?
Deixe que o homem descubra seu SER imperecível e seja imortal . "
Para quem identifica-se com o corpo carnal , os pensamentos materializados , tanto como densas manifestações , devem ser reais . Havendo existido aqui , certamente sobre-viverá à morte . Mesmo sob essas condições , o outro mundo existe . Por outro lado , deve-se tomar em consideração que a única Realidade é o SER , do qual o ego se originou . O ego O tem perdido de vista e identifica-se com o corpo , fato que resultou em ignorância e sofrimento . A corrente-Vida , embora tenha passado através de inúmeras encarnações , nascimentos e mortes , ainda permanece intata .
Portanto , não há razão para se lamentar .
A mente vem do ego , o ego vem do " EU SOU " .
O touro sagrado ( Nandi na Índia ) representa o ego , Jiva . O touro sempre está exposto em nossos templos , face à Divindade . À frente dele há uma pedra plana circular . Esta pedra-altar é o lugar onde se oferecem os sacrifícios . Tudo isso simboliza que o ego deve ser sacrificado e , submisso , deve-se voltar sempre para Deus interno .
Aprenda o que é Jiva . Qual é a diferença entre Jiva e Atma ? Ou não há entre eles coisa alguma diferenciando-os ?
Qual é o objetivo da vida em si ?
O objetivo é para fazer compreender o que é esse " eu " contido no seu " meu " .
Compreendo intelectualmente que sou uma parte do Grande " EU " , o Universo .
Então , há aí dois " eus " ? Conscientize . Você não é apenas uma parte , mas um Todo .
Qual é a razão dessa aparente dualidade dos seres viventes ?
A dualidade existe somente quando você está no estado de vigília . O que houve com o mundo quando você estava dormindo ? Aquele " EU " existia em todos os três estados , se é isso que você queria saber . Os pensamentos sobre a vida , sua finalidade ou ausência da finalidade , não o atormentavam durante o sono .
Um elefante costumava ser frequentemente castigado por seu dono . Um dia , o dono teve um acidente e caiu . O elefante podia facilmente tê-lo matado , porém , não o fez .
No entanto , tempos depois , o dono abriu um grande buraco no mato e matou o elefante .
Por essa estória , Chudala queria apontar o erro de Sikhidwaja . Era ele um vairagya mesmo no tempo quando governava seu reino e podia ter consumado sua realização de SER , contanto que levasse seu vairagya ao ponto de sacrifício do ego . Mas ele não fez isso . Contudo , foi para o mato a fim de dedicar seu tempo aos Tapas e ainda assim não se aperfeiçoou , mesmo depois de 18 anos de esforço . Fez-se passar por uma vítima de sua própria criação . Chudala aconselhou-o a largar o ego e realizar-se no SER , o que Shikhidwaja fez e foi libertado .
Torna-se claro nessa estória de Chudala que o Vairagya , acompanhado de ego , não tem valor , enquanto que estando sem ego , não importa que tenha posses .
Texto : Paul Brunton ( extraído do livro A Imortalidade Consciente cap.XI pág 71 a 85 )
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quarta-feira, 16 de maio de 2012

" O QUE POSSO FAZER "

Ninguém pode tomar nosso lugar . Cada um de nós tece um fio na teia da criação . Ninguém pode tecer aquele fio por nós . O que temos para contribuir é único e insubstituível . O que retemos da vida é perdido para a vida . O mundo inteiro depende de nossas escolhas individuais .


Duane Algin

O que posso fazer ? É nisto que se resume tudo . Após termos desistido de culpar os outros por nossas dificuldades , de termos parado de esperar por algum salvador mítico ou cavaleiro branco , e após termos renunciado às nossas sensações de inadequação e impotência , perguntamos então , " O que posso fazer ? "
No entanto , há uma pergunta ainda mais importante que podemos fazer . Não se trata somente de " O que posso fazer " , mas também de " Qual é a coisa mais estratégica que posso fazer ? " Portanto , nossa primeira tarefa é procurar meios pelos quais nossas contribuições possam ter um máximo de impacto ; as formas pelas quais os talentos e oportunidades caracteristicamente nossos possam ter melhor uso .
O primeiro passo , então , é simplesmente refletir profunda e cuidadosamente sobre nossa situação de vida . Devemos examinar nossos desejos e encontrar respostas para " O que eu gostaria realmente de fazer ? " Neste ponto é importante deixar de lado as tirânicas ordens individuais sobre o que nós deveríamos fazer , as crenças limitadoras sobre o que nós não podemos fazer , e começar por simplesmente achar o que nós gostaríamos de fazer . É importante reconhecer que fazer coisa pela culpa ou pelos " devos " é contraproducente . Esse tipo de motivação gera ódio , tensão e uma mania de retidão com que poderemos infectar outras pessoas . Essas emoções não ajudam , pois são parte do problema e nossa tarefa é reduzi-las .
Por esse motivo é tão importante aprender um segredo pouco conhecido sobre contribuição e serviço : não é errado divertir-se , gostar do que se faz . É muito comum abordar-mos o serviço com determinação severa e fundamentados na suposição de que não estamos sendo realmente sérios a respeito se não estivermos sofrendo . Sim é verdade que o mundo está mal , mas criar ainda mais sofrimento em nós mesmos não é a melhor forma de aliviá-lo .
Portanto , nossa primeira tarefa é procurar contribuições estratégicas que possamos gostar de fazer . Falar com pessoas pode ser de grande auxílio mas períodos de solidão e calma também podem . Quando Gandhi estava combatendo a questão de como melhor responder ao imposto britânico sobre o sal e a lei que proibia os indianos de pegar o sal livre e abundante que jazia em cada praia , ele se recolheu por semanas . Após muitos dias de reflexão e reza e resposta estratégica finalmente lhe chegou . Ele saiu pela Índia em direção ao oceano para pegar um pouco de sal . A notícia de sua peregrinação se espalhou , e sua jornada foi amplamente divulgada . Muitos dias depois , ele finalmente chegou à praia , parou , pegou um único punhado de sal e , como milhões de pessoas seguiram seu exemplo , o império britânico e suas leis sobre o sal caíram por terra .
As respostas estratégicas obviamente demandam informação . A educação pessoal sobre nossos problemas e suas causas também é essencial . É uma constatação de certa forma trágica , mas a simples leitura deste livro o torna mais informado sobre esses assuntos do que muitas pessoas no governo .
Com essa educação e reflexão , gradativamente você vai ganhando uma noção das respostas que melhor se adequam a você . Elas poderão incluir qualquer abordagem tradicional tal como organizar grupos , fazer lobby e escrever para os detentores do poder , educar os outros , doar ou recolher dinheiro , escrever ou falar em público e outras mais .
O desafio para todos nós , porém , é também criar novas abordagens que sejam apropriadas aos nossos talentos e condições específicas ; abordagens que alcancem pessoas novas e que tenham um impacto de formas novas . O que faria Gandhi se vivesse neste nosso tempo , na situação especial em que você vive ? Como procuraria ele a contribuição mais estratégica que pudesse fazer e qual seria ela então ? Este é um desafio para a criatividade e um jogo que vale a pena ser jogado .

COMPREENSÃO PSICOLÓGICA     

Existe ainda um outro aspecto deste jogo de contribuição estratégica . Trata-se de seu lado psicológico . Examinamos o que podemos fazer , mas de igual importância é como fazê-lo . Quando nos lembramos de como são essenciais as causas de nossas dificuldades , fica evidente que qualquer que seja nosso empreendimento , deve levar em conta esse aspecto . A pergunta então fica sendo assim : " Como posso abordar o que quer que eu faça de forma a reduzir as causas psicológicas dos problemas globais e aumentar a consciência psicológica e o amadurecimento das pessoas , incluindo o meu ? " 
Em outras palavras , " Como devo praticar e aplicar os princípios psicológicos analisados neste livro ? "
O primeiro passo é uma mudança de atitude , na forma de abordagem de nosso trabalho , nosso mundo e nós mesmos . Exploramos o mundo exterior e o mundo interior , aprendendo com nossa experiência subjetiva , nossas esperanças , medos , pensamentos e emoções , tanto quanto como eventos externos a nós . Para cada coisa que experimentamos ou fazemos , nós dedicamos o máximo de atenção e consciência de que somos capazes .
Uma vez que adotemos essa atitude , as outras pessoas e todas as nossas experiências passam a ser uma espécie de feedback . Quando fazemos alguma coisa que funciona bem , pesquisamos para aprender o porquê . Se fazemos um erro ( o que ocorrerá , repetidas vezes - faz parte da condição humana ) , também pesquisamos . Se abraçamos essa perspectiva não há razão para lamentos e recriminações ; eles seriam tristes substitutos da aprendizagem . Nossos erros podem , em última análise , mostrar-se tão valiosos quanto nossos triunfos , por vezes mais ainda .
À medida que aprendemos a fazer tudo com mais sensibilidade e consciência , passamos a perceber as crenças , percepções e ações incorretas , que nos limitam e à nossa capacidade de contribuir . Reconhecendo-as , aprendemos com elas e as abandonamos . Se encontramos crenças limitadoras , como " Não posso fazer isso " ou " Eu nunca poderia . . ." , simplesmente as reconhecemos como meras crenças e de pouca importância , e nos voltamos para fazer o que inicialmente pensamos estar acima de nós . Se nos percebemos condenando e agredindo pessoas , inclusive nós próprios , aprendemos com isso , encontrando as causas de nossa raiva e observando suas consequências . Talvez essa condenação vá mais longe e passemos a perceber as outras pessoas como " o inimigo " . Quando isso ocorre , devemos procurar reconhecer nosso pensamento dualista e encontrar as áreas de experiência e os objetivos que temos em comum com esse " inimigo " . Pode ser proveitoso também reconhecer seu medo e sua defesa e tentar perdoar , em vez de agredir .
Se ficamos temerosos e defensivos , e ficaremos , pois somos humanos , temos a oportunidade de aprender como essas emoções afetam nossas mentes . Também teremos a chance de entender o vício e as inseguranças que as originam . Dessa compreensão pode surgir , então , uma empatia e compaixão por aqueles que são dominados pelo medo e a defensividade e , devido a isso , atacam e destroem .
Quando somos tentados a ser desonestos e sem ética podemos nos conscientizar das consequências da culpa e da paranoia em nós mesmos e do sofrimento causado aos outros . No entanto , é importante que essa conscientização seja cultivada , não para nos condenarmos e punirmos , mas para aprendermos e crescermos .
À medida que cultivarmos a conscientização e fizermos nossas contribuições , logo veremos que estamos viciados a ver certas coisas acontecerem . Talvez queiramos elogio e reconhecimento ou necessitemos do anonimato , talvez precisemos ver nossas ideias aceitas , talvez queiramos sempre liderar , ou sempre seguir 
Quase todos nós acharemos algum vício de ver nossas contribuições produzirem os resultados que desejamos . Isto certamente parece um objetivo razoável , e o é , mas quando passa a ser um vício , o resultado é problemático . Dissemos " Eu preciso seguir meu caminho " , e nos preparamos para experimentar a frustração e o desapontamento assim como o ódio por aqueles que nos impedem . Devemos lembrar-nos que muitas das pessoas que estão criando nossas crises globais o estão fazendo por estarem viciadas às soluções que encontraram , sejam elas o comunismo , o capitalismo , maior uso de recursos , ou armas nucleares . Por essa razão é muito importante lembrar que até nossas melhores intenções podem estar equivocadas .
Por isso também é fundamental reduzir nossos vícios , mesmo os vícios de resultados bem sucedidos de nossas contribuições . Quando diminuímos esses vícios , também reduzimos nosso ponto de vista egoísta , nossos medos de fracasso e nosso ressentimento em relação aos que nos colocam obstáculos . O resultado é uma maior equanimidade , clareza e eficácia , já que nossa visão passa a ser menos distorcida por desejos e medos egoístas . Por último , mas não menos importante , também nos sentimos mais felizes .
Uma vez tendo alcançado este estágio , podemos usar nosso sofrimento como feedback de que estamos habituados a que as coisas sejam de uma maneira específica . O sofrimento psicológico é como a dor física , um sinal de que algo está errado . Se nossa resposta é apenas tentar mudar o mundo , estaremos mantendo nossos hábitos e tornaremos a sofrer na próxima vez em que eles não forem gratificados .
No entanto , se trabalharmos para mudar o mundo e reduzir nosso vícios , então estaremos curando tanto o psiquismo como o mundo , o eu e o outro .
Quanto mais conscientização provocamos , mais tudo passa a fazer parte de nossa aprendizagem . Tudo o que fazemos e experimentamos passa a ser um meio de aprofundar nossa compreensão , de reduzir nossos vícios e aversões , de cultivar a empatia e a compaixão , de aceitar e perdoar e de nos tornarmos aprendizes e colaboradores mais eficazes . Nossas vidas se tornam laboratórios nos quais somos ao mesmo tempo experimentador e sujeito , professor e aluno , servidor e servido .

ESTILO DE VIDA 

Com o desenvolvimento da conscientização e da compreensão , talvez comecemos a perceber aspectos em que nossos estilos de vida conflituem ao mesmo tempo com o que realmente desejamos e com o que seria apropriado do ponto de vista ecológico . Ainda que um dia tenham-se escondido sob os véus da insensibilidade e da inconsciência , essas discrepâncias ficam cada vez mais indiscretas e nos importunam pedindo correção . Quando as analisamos , verificamos que muitas dessas discrepâncias refletem vícios , medos e outros defeitos psicológicos semelhantes àqueles que originam problemas globais .
Essas discrepâncias de estilo de vida podem adotar formas variadas . Talvez estejamos comprando , consumindo e nos descartando de coisas sem preocupação com o impacto ecológico . Por exemplo , talvez estejamos usando o aparelho de ar condicionado em vez do ventilador , o carro , mesmo quando há transporte público disponível , ou bens não reutilizáveis em vez dos reutilizáveis . Talvez estejamos nos tornando , e às nossas famílias , ansiosos e tensos por trabalhar além da conta para ganhar um dinheiro extra para coisas de que realmente não necessitamos . Talvez estejamos trabalhando ou investindo em uma indústria que esteja causando danos ao meio ambiente , criando produtos perigosos , ou tirando vantagens injustas de países subdesenvolvidos .
Talvez estejamos comprando de companhias que patrocinam programas de televisão violentos ou não estejamos expressando nossa apreciação por patrocinadores e canais que mostrem programas educacionais sobre os problemas mundiais . Talvez pudéssemos doar mais de nosso tempo e dinheiro para as causas que nos inspiram . Duane Elgin escreveu :

As oportunidades para ações significativas e importantes estão em todo lugar : o alimento que escolhemos para comer , o trabalho que escolhemos desenvolver , o transporte que escolhemos usar , a maneira pela qual escolhemos nos relacionar com os outros , a roupa que escolhemos usar , a aprendizagem que escolhemos adquirir , as causas piedosas que escolhemos apoiar , o nível de atenção que escolhemos destinar à nossa passagem diária pela vida , e assim por diante . A lista é interminável , já que a matéria da transformação social é idêntica àquela de que se constitui nosso dia-a-dia .

SAÍDA E RETORNO

Com o passar do tempo , os custos de nossas fraquezas e os benefícios do desenvolvimento da aprendizagem , da conscientização e do crescimento ficam cada vez mais aparentes . À medida que isso acontece , podemos sentir uma necessidade crescente de separar um tempo destinado especificamente para nossa cura , aprendizagem e amadurecimento . Este tempo não é egoísta ; ele é vital para nosso bem-estar e nossa capacidade de contribuir .
Infelizmente , este fato é raramente apreciado , ainda que muitos sábios o tenham mencionado através dos anos . " Encontrar o centro de força em nosso interior é , no final das contas , a melhor contribuição que podemos fazer aos outros homens " , disse o existencialista Rollo May , repetindo as palavras de Buda , que dizia que " para endireitar o torto , é preciso primeiro fazer uma coisa mais difícil - endireitar-se a si mesmo " 

É um grave erro acusar a quem persegue o autoconhecimento de " voltar suas costas para a sociedade " . O oposto seria mais verdadeiro : que um homem que não persegue o autoconhecimento é sempre um perigo para a sociedade , pois ele tenderá a confundir tudo o que as outras pessoas dizem ou fazem , e a continuar alegremente inconsciente da importância de muitas das coisas que ele próprio faz .

Esta fase de exploração e trabalho interior é tão essencial que fez parte da vida de muitos dos que verdadeiramente contribuíram para a humanidade . Foi também incorporada às lendas heroicas através dos séculos e culturas .
O grande historiador Arnold Toynbee denominou-a " a lei da saída e do retorno " . Ela foi descrita em uma retrospectiva das vidas de grandes heróis , reais e legendários , assim : 
Resumindo : a primeira tarefa do herói é retirar-se do cenário mundial dos efeitos secundários para as zonas causais do psiquismo onde realmente residem as dificuldades e , lá , entendê-las e erradicá-las no seu caso em particular .
Pode ser que não sejamos todos heróis mundiais , mas certamente podemos aprender com seu exemplo . Como , então , facilitar nosso " retiro para as zonas causais do psiquismo " e nossa compreensão das dificuldades ? Que ambiente e que pessoa nos permitirão um aprofundamento maior em nossos recursos psíquicos para extrair a força e os poderes curativos que lá residem ?
Este é um questionamento individual que cada um deve se fazer e se responder . Para alguns a resposta pode ser que precisam de um período de solidão e calma ; para outros , pode ser que podem se beneficiar dispendendo mais tempo com a família e os amigos . Outros podem encontrar um insight e inspiração maiores na natureza , e outros ainda podem achar que passar alguns períodos em silenciosa reflexão , contemplação , reza ou meditação pode ajudar . Às vezes podemos nos beneficiar de grupos ou seminários com pessoas que estão explorando questões semelhantes . O que quer que acreditemos ser de maior auxílio para nossa aprendizagem e bem-estar , é importante que destinemos um tempo para isso .
Quando tivermos feito isso e sentirmos que estamos prontos , poderemos sair para o mundo novamente . Quando o fizermos , estaremos trazendo conosco os dons da compreensão , calma e energia renovada que adquirimos durante o período de recolhimento . Fazemos nossas contribuições no mundo da forma mais estratégica que podemos , removendo os mal-entendidos e o sofrimento da melhor forma possível .
Quando as inevitáveis frustrações , defesas e ressentimentos começam a se avolumar , trabalhamos para entendê-las e reduzi-las à medida que vão surgindo , mas também acatamos a necessidade de recolhimentos periódicos .
Enquanto o ciclo de saída e retorno continua , a diferença entre o que nos beneficia e o que beneficia os outros fica cada vez mais transparente . Cada contribuição passa a ser uma oportunidade de aprendizagem , cada aprendizagem se torna uma oportunidade para contribuições mais importantes . Na medida em que o limite entre o que nos beneficia e o que beneficia os outros fica mais tênue , diminuem os desejos , medos e comparações , egocêntricos , e a fronteira entre nós e os outros também se atenua . Pouco a pouco , desprezamos os véus da separação e da condição de " outro " e reconhecemos nossa condição humana comum . Quando o fazemos , as palavras de um antigo provérbio indiano começam a fazer sentido :

Quando eu não sei quem sou eu o sirvo .
Quando eu sei quem sou , sou você .

Neste ponto , as causas psicológicas de nossas crises globais foram reduzidas em nosso interior . Sem " outros " não existe razão para medo , paranoia e defensividade , e as respostas de empatia e compaixão surgem espontaneamente .
Nosso ciclo de saída e retorno e de trabalho no mundo e em nós mesmos alcançou sua realização , e a pergunta " O que posso fazer ? " foi respondida .
Esta , então , é uma forma de serviço e contribuição . É uma forma recomendada através dos séculos por grandes doutrinas de desenvolvimento e pelas grandes religiões , e pode ser considerada psicológica ou religiosamente , à escolha de cada um . " Procurar , acima de tudo , um jogo que valha a pena " , é o conselho de alguns psicólogos . " Encontrado o jogo , jogue-o intensamente - como se sua vida e sanidade dependessem daquilo . ( Elas na verdade dependem mesmo ) " . A contribuição e aprendizagem conscientes , que partem de uma escolha , é um jogo que vale a pena ser jogado , e o destino da terra pode depender do número de pessoas que decidem jogá-lo .
Somos chamados a uma tarefa maior do que jamais foi exigido de qualquer geração na história da humanidade : preservar nosso planeta e nossa espécie . Ao aceitar este desafio , somos convocados também a reconhecer , desenvolver e criar conscientemente nossa evolução .
Jamais , no curso da história da humanidade , a necessidade foi maior . Nunca tantas pessoas sofreram e morreram sem necessidade . Nunca tantos tiveram fome e foram oprimidos . E nunca tantas vidas ( uns cinco bilhões ) ficaram penduradas na balança .
E jamais , no curso da história da humanidade , as oportunidades foram tão grandes . Nunca tivemos tantos recursos e tecnologias poderosos disponíveis para aliviar o sofrimento do mundo . Nunca houve tanta possibilidade de se desenvolver uma psicologia global para compreender as motivações e os comportamentos que nos ameaçam , e os que ainda podem nos salvar . A magnitude de nossas dificuldades só pode ser igualada pela magnitude de nossas oportunidades .
Portanto , nenhum de nós pode estar frente a tarefa mais urgente e recompensadora do que o reconhecimento e preenchimento de nosso papel na criação e aplicação de uma psicologia de sobrevivência humana : uma psicologia que una todas as pessoas de todas as nações que desejem aplicar suas habilidades nisso - as questões mais prementes de nossa era - desvendando as forças psicológicas que nos trouxeram a este momento decisivo da história , e trabalhando para transformá-las em forças para nossa sobrevivência , nosso bem-estar e nossa evolução comuns . O trabalho a ser desenvolvido é empolgante e desesperadamente necessário , e somos privilegiados por ter a oportunidade de fazê-lo .
Texto : Roger Walsh ( Extraído do livro Pela Vida cap. 18 )
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quinta-feira, 10 de maio de 2012

" O PODER DO AGORA "

Eckhart Tolle nasceu na Alemanha , onde viveu até aos treze anos de idade .
Depois de se licenciar pela Universidade de Londres , trabalhou como investigador e supervisor na Universidade de Cambridge .
Aos vinte e nove anos , uma profunda transformação espiritual levou-o a mudar radicalmente a sua maneira de encarar e viver a sua vida . Nos anos que se seguiram , dedicou-se por inteiro a compreender melhor e viver mais profundamente esta transformação , que marcou o início de uma intensa jornada interior . Como testemunho desta experiência , escreveu O Poder do Agora , que rapidamente se tornou um best-seller a nível mundial . O livro que se lhe seguiu , A Prática do Poder do Agora , conheceu também um grande sucesso de vendas .
Eckhart Tolle não está filiado em qualquer religião ou tradição espiritual .
Através do seu ensino , tenta transmitir a mensagem profunda , simples e intemporal que grandes mestres sempre tentaram transmitir : é possível acabar com o sofrimento e alcançar a paz .
Dedica-se agora a viajar e a ensinar por todo o mundo .


VOCÊ NÃO É A SUA MENTE     

O MAIOR OBSTÁCULO À ILUMINAÇÃO 
Iluminação ---- o que é isso ?
Há mais de trinta anos que um pedinte se sentava na berma de uma estrada . Um dia , passou por ali um estranho . " Dá-me uma moedinha ? " pedinchou o pobre , estendendo automaticamente o seu velho boné de basebol .
" Não tenho nada para ter dar " , disse-lhe o estranho . Depois perguntou : " o que é isso em que estás sentado ? " " nada " , respondeu o pedinte . " Apenas uma caixa velha . Sento-me nela desde que me lembro " . " Algum dia viste o que tem dentro ? " Tornou o estranho . " Não " , respondeu o pobre . " De que me serviria ? 
Não há nada lá dentro . " Vê o que tem dentro " , insistiu o estranho . O pedinte conseguiu forçar a tampa . Com surpresa , incredulidade e exaltação , verificou que a caixa estava cheia de ouro .
Eu sou aquele estranho que não tem nada para lhe dar , mas que lhe diz para olhar para dentro . Não para dentro de uma caixa qualquer , como na parábola , mas para dentro de uma coisa ainda mais próxima : para dentro de si próprio .
" Mas eu não sou um pedinte " , dirá você .
Todos aqueles que não encontraram a sua verdadeira riqueza , que é a radiosa alegria do Ser e a paz profunda e inabalável que a acompanha , são pedintes , por maior que seja a fortuna material que possuam . Esses , para terem valor , segurança ou amor , procuram fora de si vislumbres de prazer ou de realização pessoal , enquanto que dentro de si próprios possuem um tesouro que não só inclui todas aquelas coisas , mas é também infinitamente maior do que tudo o que o mundo tem para lhes oferecer .
A palavra iluminação invoca a ideia de uma realização sobre-humana , e o ego gosta de a encarar assim , mas ela não é mais do que o seu estado natural de união sentida com o Ser . É um estado de ligação com alguma coisa incomensurável e indestrutível , com uma coisa que , quase paradoxalmente , constitui a sua essência e , no entanto , é muito maior do que você . Trata-se de encontrar a sua verdadeira natureza , para além de um nome e de uma forma .
A incapacidade de sentir essa ligação dá origem à ilusão da separação , tanto de si próprio como do mundo à sua volta . Você tem então a percepção de si próprio , consciente ou inconscientemente , como um fragmento isolado . Surge o medo , e o conflito interior e exterior torna-se uma norma .
Gosto da definição simples que Buda deu a iluminação : " o fim do sofrimento " . Não há nada de sobre-humano nisto , não é verdade ? É certo que , como definição , é muito incompleta . Apenas lhe diz o que a iluminação não é : não é sofrimento . Mas o que resta quando deixa de haver sofrimento ? Buda mantém silêncio quanto a isso , e o seu silêncio significa que cada um tem de o descobrir sozinho . Ele utiliza uma definição negativa para que a mente a não possa transformar numa crença ou numa realização sobre-humana , numa meta que não possa alcançar . Apesar desta precaução , a maioria dos budistas ainda acredita que a iluminação é para Buda , não para eles , pelo menos na vida presente .
EMPREGOU A PALAVRA SER . 
Pode explicar o que entende por isso ?
O Ser é a Vida Única , eterna e sempre presente para além da diversidade de formas de vida sujeitas ao nascimento e à morte . No entanto , o Ser é ao mesmo tempo transcendente e imanente a cada forma , sendo a sua essência mais profunda , invisível e indestrutível . Significa isto que você lhe tem acesso agora sob a forma do seu Eu mais profundo , da sua verdadeira natureza . Mas não procure agarrá-lo com a sua mente . Não tente compreendê-lo . Só o poderá conhecer quando a sua mente estiver aquietada . Quando estiver presente quando a sua atenção estiver plena e intensamente no Agora , o Ser poderá ser sentido , mas nunca poderá ser compreendido mentalmente . A iluminação é recuperar o conhecimento do Ser e manter-se nesse estado de " sentir-percepção " .
Quando diz Ser , refere-se a Deus ?
Se sim , porque não o diz ?
A palavra Deus foi esvaziada do seu sentido ao longo de milhares de anos de utilização abusiva . Por vezes , eu emprego a palavra , mas faço-o com moderação . Por utilização abusiva , quero significar que há pessoas que sem nunca terem vislumbrado sequer o reino do sagrado , a vastidão infinita por trás dessa , palavra , a usam com grande convicção , como se soubessem do que estão a falar . Ou então , argumentam contra ela , como se soubessem o que estão a negar . Tal utilização abusiva dá origem a crenças absurdas , asserções e ilusões egoicas , do gênero " O meu ou o nosso Deus é o único Deus verdadeiro , e o teu Deus é falso " , ou como a famosa afirmação de Nietzsche " Deus está morto " .
A palavra Deus tornou-se um conceito fechado . No momento em que a palavra é pronunciada , cria-se uma imagem mental , talvez já não a de um velho de barbas brancas , mas ainda assim uma representação mental de alguém ou de alguma coisa exterior a si e , sim , é verdade , quase inevitavelmente alguém ou alguma coisa do sexo masculino .
Nem Deus , nem Ser , nem qualquer outro termo conseguem definir ou explicar a inefável realidade por trás destas palavras , pelo que a única questão importante é saber se a palavra em questão o ajuda ou o impede de ter a experiência d'Aquilo para que ela aponta . Será que ela aponta para além de si própria para essa realidade transcendental , ou presta-se com demasiada facilidade a não ser mais do que uma ideia na sua cabeça , uma crença , um ídolo mental ?
A palavra Ser não explica nada , mas a palavra Deus também não . Ser , no entanto , tem a vantagem de ser um conceito aberto . Não reduz o invisível infinito a uma entidade finita . É impossível formar uma imagem mental da palavra . Ninguém pode reclamar a propriedade exclusiva do Ser . Trata-se da sua própria essência , e você tem-lhe acesso imediato ao sentir a sua própria presença , o entendimento de que o Eu sou é anterior a pensar " eu sou isto " ou " eu sou aquilo " . Por conseguinte , da palavra Ser à experiência de Ser não vai mais do que um pequeno passo .
Qual é o maior obstáculo que se opõe a que tenhamos a experiência dessa realidade ?
A identificação com a sua mente , o que faz co que o pensamento se torne compulsivo . Não ser capaz de parar de pensar é uma aflição terrível , mas nós não o compreendemos porque praticamente toda a gente sofre do mesmo mal , pelo que se considera normal . Esse barulho mental incessante impede que você encontre o reino da quietude interior que é inseparável do Ser . Cria igualmente um falso eu , obra da mente , que lança uma sombra de medo e sofrimento . Mas adiante , veremos tudo isso em pormenor .
O filósofo Descartes acreditava que tinha encontrado a verdade mais fundamental ao fazer a sua famosa afirmação : " Penso , logo existo " . Na verdade , estava a dar expressão ao erro mais básico : equiparar pensar a Ser e identidade a pensamento . O pensador compulsivo , o que significa praticamente toda a gente , vive num estado de aparente separação , num mundo insensatamente complexo de problemas e conflitos contínuos , um mundo que reflete a sempre crescente fragmentação da mente . A iluminação é um estado integral , de se estar " em uníssono " e por conseguinte em paz . Em uníssono com a vida no seu aspecto manifestado , o mundo , assim como com o seu Eu mais profundo e a vida não manifestada - em uníssono com o Ser . A iluminação não é apenas o fim do sofrimento e do perma-nente conflito interior e exterior , é também o fim da temível escravidão ao pensar incessante . Que incrível é esta libertação !
A identificação com a mente cria um filtro opaco de conceitos , rótulos , imagens , palavras , críticas e definições que bloqueiam qualquer relacionamento verdadeiro . Coloca-se entre si e o seu Eu , entre si e seu semelhante , entre si e a Natureza , entre si e Deus . É este filtro de pensamento que cria a ilusão da separação de que existe você e um " outro " totalmente separado . Então você esquece-se do fato essencial de que , por baixo do nível das aparências físicas e das formas separadas , você é uno com tudo o que é . Quando digo que você se esquece , quero dizer que deixa de sentir essa unicidade como uma realidade evidente por si mesma . Poderá acreditar que talvez ela seja verdadeira , mas deixa de saber que ela é verdadeira . Uma crença poderá ser reconfortante . Contudo , é unicamente através da sua própria experiência que ela se torna libertadora .
Pensar tornou-se uma doença . A doença ocorre quando as coisas perdem o equilíbrio . Por exemplo , não há nada de errado na divisão e multiplicação das células do corpo , mas quando esse processo se perpetua à margem da totalidade do organismo , as células proliferam e surge uma doença .
Nota : A mente é um instrumento magnífico se for usada corretamente .
Contudo , se for usada erradamente torna-se muito destrutiva . Falando com mais exatidão , não se trata tanto de você usar a mente erradamente - geralmente não a usa de maneira nenhuma . É ela que o usa a si . É a doença .
Você acredita que é a sua mente . É a ilusão . O instrumento tomou conta de si .
Não estou totalmente de acordo consigo . É certo que a minha mente deambula , por vezes , como acontece com a maioria das pessoas , mas ainda assim posso decidir usar a minha mente para obter e realizar coisas , e faço-o constantemente .
Só porque você consegue resolver um problema de palavras cruzadas ou construir uma bomba atômica não quer dizer que esteja a usar a sua mente . Da mesma maneira que os cães gostam de roer ossos , também a mente gosta de se dedicar aos problemas . É por essa razão que ela resolve problemas de palavras cruzadas e constrói bombas atômicas . Você não se interessa por nenhuma dessas coisas . Deixe-me fazer-lhe uma pergunta : pode libertar-se da sua mente sempre que o deseje ? Já descobriu o botão que a " desliga " ?
Quer dizer , parar de pensar totalmente ? No , não posso , salvo talvez por alguns breves instantes .
Então a mente está a usá-lo a si . Inconscientemente identificado com ela , você nem sequer sabe que é escravo dela . É quase como se estivesse possuído sem o saber , e por isso julga que a entidade possessora é você próprio . O começo da libertação é a compreensão de que você não é a entidade possessora - o pensador . Saber isso permitir-lhe-á observar a entidade . No momento em que começar a observar o pensador , é ativado um nível mais elevado de consciência . Depois começará a compreender que existe um vasto reino de inteligência para além do pensamento , que o pensamento é meramente um pequeno aspecto dessa inteligência . Também compreenderá que todas as coisas que realmente contam - beleza , amor , criatividade , alegria , paz interior - têm origem para além da mente . Começará a despertar .

LIBERTE-SE DA SUA MENTE 

O que quer dizer exatamente por << observar o pensador >>
Se uma pessoa for ao médico e disser << Ouço uma voz dentro da minha cabeça >> , o mais certo é que essa pessoa seja remetida para um psiquiatra . O fato é que , de um modo muito semelhante , praticamente toda a gente ouve constantemente uma voz , ou várias vozes , dentro da cabeça : é o processo do pensamento involuntário que você tem o poder de travar , embora não o saiba .
Monólogos ou diálogos contínuos .
Provavelmente já se cruzou na rua com pessoas " malucas " que falam e resmungam incessantemente consigo próprias . Pois bem , isso não é muito diferente daquilo que você e todas as outras pessoas " normais " fazem , só que não o fazem em voz alta . A voz comenta , especula , crítica , compara , queixa-se , gosta , não gosta , e por aí fora .
A voz não é necessariamente relevante para a situação em que você se encontra no momento ; provavelmente , ela estará a reviver o passado recente ou distante , a ensaiar ou a imaginar possíveis situações futuras . Aqui , ela muitas vezes imagina que as coisas irão correr mal ou terão resultados negativos ; chama-se a isto preocupação . Por vezes , essa pista sonora é acompanhada por imagens visuais ou " filmes mentais " . Mesmo que a voz seja relevante para a situação presente , ela interpretará essa situação em termos de passado . É assim porque a voz pertence à sua mente condicionada , que é o resultado de todo o seu historial passado , assim como do contexto mental e cultural coletivo que você herdou . Portanto , você vê e julga o presente através dos olhos do passado e obtém dele uma visão totalmente distorcida .
Não é raro que a voz seja o pior inimigo de uma pessoa . Muitas pessoas vivem com um carrasco na cabeça que as ataca e castiga constantemente e lhes suga a energia vital . Ela é causadora de uma tremenda angústia e infelicidade , assim como de doenças .
Mas há boas notícias : você pode libertar-se da sua mente . É a única libertação verdadeira . Poderá começar a dar o primeiro passo já neste momento . Comece por ouvir a voz dentro da sua cabeça o maior número de vezes que puder . Preste particular atenção a quaisquer padrões de pensamento repetitivos , esses velhos discos riscados que provavelmente estão a tocar na sua cabeça há muitos anos . É isso que eu quero dizer com " observar o pensador " , que é uma outra maneira de dizer : escute a voz dentro da sua cabeça , esteja lá como testemunha presencial . Ao escutar essa voz , escute-a com imparcialidade . O mesmo é dizer , não julgue . Não critique nem condene o que ouve , porque fazê-lo significa deixar a mesma voz entrar novamente pela porta de trás . Depressa compreenderá : 1 à está voz , e aqui estou eu a ouvi-la , a observá-la . Esta consciência de que eu estou , esta sensação da sua própria presença , não é um pensamento . Tem origem para além da mente .
Por isso , quando escutar um pensamento , esteja ciente não só do pensamento , mas também de si próprio como testemunha do pensamento .
Surge então uma nova dimensão de consciência . E , enquanto ouve o pensamento , sentirá uma presença consciente - a do seu eu mais profundo - por trás do pensamento , subjacente a ele . O pensamento perderá então o poder que tem sobre si e rapidamente abrandará , porque você deixou de estimular a mente através da sua identificação com ela . É o começo do fim do pensar involuntário e compulsivo .
Quando um pensamento abranda , você sente uma descontinuidade no caudal mental - um hiato de ausência de mente . Ao princípio , os hiatos serão curtos , talvez de alguns segundos , mas gradualmente torna-se-ão mais prolongados . Quando esses hiatos ocorrem , você sente uma certa quietude e uma certa paz dentro de si . É o início do seu estado natural de união sentida com o Ser , a qual é geralmente ofuscada pela mente . Com a prática , a sensação de quietude e de paz será mais profunda . De fato , a sua profundidade não tem fim . Sentirá igualmente uma sutil emanação de alegria a surgir bem do fundo de si : a alegria do Ser .
Não é um estado que se pareça com um êxtase . De maneira nenhuma .
Aqui não há perda da consciência . Antes pelo contrário . Se o preço da paz interior fosse uma diminuição da sua consciência e o preço da quietude uma falta de vitalidade e de vivacidade , então não valeria a pena ter essa paz e essa quietude . Nesse estado de ligação interior , você encontra-se muito mais atento , muito mais desperto do que no estado de identificação com a mente .
Está plenamente presente . Esse estado eleva igualmente a frequência vibratória do campo de energia que dá vida ao corpo físico .
À medida que entra mais profundamente nesse reino de ausência de mente , como por vezes se diz no Oriente , atingirá o estado da pura consciência . Nesse estado , sentirá a sua própria presença com tal intensidade e com tal alegria que , por comparação , todo o pensar , todas as emoções , o seu corpo físico , assim como todo o mundo exterior , se tornarão relativamente insignificantes . E apesar disso , não é um estado egoísta , mas antes um estado altruísta .
Transporta-o para além do que anteriormente considerava ser o " seu eu " . Essa presença é a essência de quem você é , mas ao mesmo tempo é inconcebivelmente maior do que você . O que eu estou a tentar transmitir aqui poderá parecer paradoxal ou até mesmo contraditório , mas não existe nenhuma outra maneira de eu me exprimir .
Em vez de " observar o pensador " , também poderá criar um hiato no caudal da mente dirigindo simplesmente o centro da sua atenção para o Agora . Basta que esteja intensamente consciente do momento presente . É uma coisa que se faz com profunda satisfação . Desta maneira , você arrasta a sua consciência para longe da atividade mental e cria um hiato de ausência de mente em que permanece extremamente atento e consciente , mas em que não pensa . É essa a essência da meditação .
Na sua vida diária , poderá praticar isto tornando uma qualquer atividade de rotina , que normalmente não passe de um meio para alcançar um fim , e dando-lhe toda a sua atenção de forma que esta se torne um fim em si . Por exemplo , cada vez que você subir e descer escadas , em casa ou no local de trabalho , preste muita atenção a cada passo , a cada movimento e até mesmo à sua respiração . Esteja totalmente presente . Ou , ao lavar as mãos , preste atenção a todas as percepções sensoriais associadas a essa atividade : o ruído e a sensação da água , o movimento das mãos , o aroma do sabonete , etc . Ou ainda , quando entrar no seu carro , depois de fechar a porta , faça uma pausa de alguns segundos e observe o fluir da sua respiração . Tome consciência da sensação de presença silenciosa , mas poderosa , que daí resulta . Existe um critério certeiro pelo qual poderá avaliar o seu sucesso com este exercício : o grau de paz que sentirá interiormente .
Portanto , o passo mais vital na sua jornada rumo à iluminação é este : aprenda a deixar de se identificar com a mente . Sempre que criar um hiato no caudal da mente , a luz da sua consciência torna-se-á mais forte .
Talvez um dia dê consigo a sorrir perante a voz na sua cabeça , como sorriria perante as traquinices de uma criança . Significa isso que você deixou de levar o conteúdo da sua mente tão a sério , uma vez que a sua sensação de identidade não depende dela .

ILUMINAÇÃO : ELEVAR-SE ACIMA DO PENSAMENTO 

Pensar não é essencial para sobrevivermos neste mundo ?
A sua mente é um instrumento , uma ferramenta . Existe para ser usada numa tarefa específica e , quando essa tarefa termina , põe-se de parte . Assim sendo , eu diria que cerca de 80 a 90 por cento do pensamento da maioria das pessoas é não só repetitivo e inútil , mas , devido à sua natureza disfuncional e muitas vezes negativa , é também muitas vezes prejudicial . Observe a sua mente e verá que isto é verdade . Provoca uma perda considerável de energia vital .
Esta espécie de pensamento compulsivo é , na realidade , um vício . O que é que caracteriza um vício ? Muito simplesmente isto : você deixa de sentir que tem a opção de parar . Parece ser mais forte do que você . E dá-lhe igualmente uma falsa sensação de prazer , prazer esse que invariavelmente se transforma em dor .
Por que motivo seríamos nós viciados em pensar ?
Porque você se identifica com o pensamento , o que significa que obtém a sua sensação de identidade a partir do conteúdo e da atividade da sua mente . Porque você acredita que deixaria de existir se deixasse de pensar . Ao crescer , você forma uma imagem mental da pessoa que é com base nos seus condicionamentos pessoais e culturais . Podemos dar o nome de ego a esse eu fantasma . Consiste na atividade da mente e só pode continuar a funcionar através do pensar constante . O termo ego significa diferentes coisas para diferentes pessoas , mas quando eu o uso aqui significa um falso eu , criado por uma identificação inconsciente com a mente .
Para o ego , o momento presente praticamente não existe . Apenas o passado e o futuro são considerados importantes . Esta total inversão da verdade explica o fato de a mente ser tão disfuncional quando está a funcionar como ego . O ego preocupa-se constantemente em manter vivo o passado , porque , sem ele , quem seria você ? Projeta-se constantemente no futuro para garantir a continuidade da sua sobrevivência e para procurar aí algum tipo de libertação ou de satisfação . Ele diz : " Um dia , quando isto , ou aquilo , acontecer , eu vou sentir-me bem , feliz , em paz . " E mesmo quando o ego parece preocupar-se com o presente , não é o presente que ele vê : distorce-o completamente porque o vê através dos olhos do passado . Ou então reduz o presente a um meio para alcançar um fim , fim esse que fica sempre no futuro que a mente projeta . Observe a sua mente e verá que é assim que funciona .
O momento presente possui a chave para a libertação . Mas você não poderá descobrir o momento presente enquanto você for a sua mente .
Não quero perder a minha capacidade de analisar e discriminar . Não me importaria de aprender a pensar de maneira mais clara , mais concentrada , mas não quero perder a minha mente . A capacidade de pensar é a coisa mais preciosa que possuímos . Sem ela , seríamos apenas uma outra espécie animal .
A predominância da mente não passa de um patamar na evolução da consciência .
Precisamos de chegar ao patamar seguinte agora , urgentemente ; de outro modo , seremos destruídos pela mente , que se terá transformado num monstro .
Falarei disto em pormenor mais adiante . O pensamento e a consciência não são sinônimos . O pensamento não passa de um pequeno aspecto da consciência . O pensamento não pode existir sem a consciência , mas a consciência não precisa do pensamento .
A iluminação significa elevar-se acima do pensamento e não descer a um nível abaixo do pensamento , ao nível de um animal ou de uma planta . No estado de iluminação , você continua a utilizar a sua mente e a pensar sempre que necessário , mas fá-lo-á de uma maneira muito mais concentrada e eficiente do que anteriormente . Utilizá-la-á principalmente para fins práticos , mas ficará livre do diálogo interior involuntário e conhecerá a quietude , interior .
Quando usar a sua mente , e particularmente quando for necessária uma solução criativa , você oscilará frequentemente entre o pensamento e a quietude entre a mente e a ausência de mente . A ausência de mente é a consciência sem o pensamento . Só dessa maneira é possível pensar-se criativamente , porque só dessa maneira o pensamento terá verdadeiramente poder . O pensamento por si só , quando deixa de estar ligado ao reino muito mais vasto da consciência , torna-se rapidamente estéril , insensato e destrutivo .
A mente é essencialmente uma máquina de sobrevivência . Atacar e defender-se de outras mentes , reunir , armazenar e analisar informações - é nisso que ela é boa , mas não é de maneira nenhuma criativa . Todos os verdadeiros artistas , quer o saibam quer não , criam com base na ausência de mente , na quietude interior . Só posteriormente é que a mente dá forma ao impulso criativo ou à inspiração . Até os grandes cientistas dizem que os seus sucessos criativos aconteceram num momento de quietude mental . O resultado surpreendente de um inquérito , feito a nível nacional junto dos mais eminentes cientistas americanos , entre os quais Einstein , tendo em vista descobrir os respectivos métodos de trabalho , foi o de que o pensar " desempenha unicamente um papel secundário na fase breve , mas decisiva , do ato criativo em si " . 1 Por isso , eu diria que a simples razão pela qual a maioria dos cientistas não é criativa não é por não saber pensar , mas por não saber como parar de pensar !
Não foi através da mente , através do pensamento , que foi criado e é mantido o milagre que é a vida na Terra ou no seu corpo . Existe claramente uma inteligência a reger este processo que é de longe maior do que a mente . Como pode uma única célula humana , que de largura mede um milionésimo de polegada , conter dentro do seu DNA instruções que dariam para encher 1.000 livros de 600 páginas cada um ? Quanto mais aprendemos sobre o funcionamento do corpo , mais compreendemos quão vasta é a inteligência que o rege e quão limitado é o nosso conhecimento . Quando a mente se liga novamente a essa inteligência , transforma-se numa ferramenta maravilhosa .
Serve então algo maior do que ela .


EMOÇÃO : A REAÇÃO DO CORPO À SUA MENTE   

E quanto às emoções ? Eu sou mais influenciado pelas minhas emoções do que pela minha mente .
A mente , tal como eu a concebo , não consiste apenas no pensamento . Inclui as emoções assim como todos os padrões de reações mentais e emocionais inconscientes . A emoção nasce no local onde a mente e o corpo se encontram .
É a reação do corpo à mente - ou poderia dizer-se , um reflexo da mente no corpo . Por exemplo , um pensamento hostil criará no corpo uma acumulação de energia a que damos o nome de ira . O corpo prepara-se para lutar . A ideia de que está a ser atacado , física ou psicologicamente , leva o corpo a contrair-se , e é este o lado físico daquilo a que chamamos medo . Várias pesquisas demonstraram que as emoções fortes podem provocar alterações na estrutura bioquímica do corpo . Essas alterações bioquímicas representam o aspecto físico ou material da emoção . É evidente que , regra geral , você não tem consciência de todos os seus padrões de pensamentos e , muitas vezes , é apenas pela observação das suas emoções que pode tomar conhecimento deles .
Quanto mais você se identificar com o seu pensamento , com os seus gostos e aversões , críticas e interpretações , ou seja , quanto menos presente estiver como consciência observadora , mais forte será a carga da energia emocional , quer tenha consciência dela ou não . Se você não conseguir sentir as suas emoções , se estiver desligado delas , acabará por as experimentar a um nível puramente físico , na forma de um problema ou de um sintoma físico . Tem-se escrito muito sobre este assunto nos últimos anos , pelo que não há necessidade de o abordarmos agora . Um padrão emocional inconsciente forte pode mesmo manifestar-se como um acontecimento externo que parece só lhe acontecer a si . Por exemplo , tenho notado que as pessoas com muita raiva dentro de si , sem dela terem consciência e sem a manifestarem , são mais atreitas a serem atacadas verbal e até mesmo fisicamente , e muitas vezes sem razão aparente , por outras pessoas iradas . As primeiras emitem uma forte emanação de ira que determinadas pessoas captam subliminarmente e que provoca nestas últimas a explosão da sua própria ira latente .
Se você tiver dificuldade em sentir as suas emoções , comece por concentrar a sua atenção no campo de energia interior do corpo . Sinta o seu corpo a partir do interior . Isso colocá-lo-á também em contato com as suas emoções .
Analisaremos este assunto em pormenor mais adiante .
Diz que uma emoção é um reflexo da mente no corpo . Mas por vezes existe um conflito entre as duas : a mente diz " não " enquanto que a emoção diz " sim " , ou vice-versa .
Se quiser realmente conhecer a sua mente , o corpo dar-lhe-á sempre um reflexo fiel dela , portanto observe atentamente a emoção , ou antes , sinta-a no seu corpo . Se entre eles houver um conflito aparente , o pensamento será a mentira e a emoção será a verdade . Não a verdade última de quem você é , mas a verdade relativa do seu estado de espírito nesse momento .
Não há dúvida de que são vulgares os conflitos entre pensamentos superficiais e processos mentais inconscientes . Talvez você não consiga ainda reconhecer a atividade da sua mente como pensamentos , mas ela refletir-se-á sempre no seu corpo como uma emoção , e esta última você poderá reconhecer . Observar atentamente uma emoção desta maneira é basicamente o mesmo que ouvir ou observar um pensamento , como descrevi atrás . A única diferença é que , enquanto que o pensamento reside na sua cabeça , a emoção tem uma forte componente física e por isso é sentida principalmente no corpo . Poderá então permitir que a emoção se manifeste sem se deixar controlar por ela . Você deixará de ser a emoção ; passará a ser o observador , a presença observadora .
Se você fizer isto , toda a inconsciência que houver em si será trazida para a luz da consciência .
Portanto , observar as nossas emoções é tão importante como observar os nossos pensamentos ?
Sim . Habitue-se a perguntar a si próprio : que estará a acontecer dentro de mim neste momento ? Esta pergunta indica-lhe qual o caminho a seguir . Mas não analise , limite-se a observar atentamente . Concentre a sua atenção no seu íntimo . Sinta a energia da emoção . Se não houver emoção presente , leve a sua atenção ainda mais fundo para o campo de energia interior do seu corpo . É a entrada para o Ser .
Geralmente , uma emoção representa um padrão de pensamento amplificado ao qual foi incutida energia e , por causa da sua carga energética , muitas vezes irresistível , ao princípio não será fácil estar-se suficientemente presente para poder observá-la com atenção . Ela quer dominá-lo e geralmente consegue-o -a menos que você esteja verdadeiramente presente . Se for forçado a identificar-se inconscientemente com a emoção , por não estar suficiente presente , o que é normal , a emoção torna-se temporariamente o seu eu
Muitas vezes estabelece-se um círculo vicioso entre o pensamento e a emoção : alimentam-se mutuamente . O padrão de pensamento cria um reflexo ampliado de si próprio na forma de uma emoção , e a frequência vibratória da emoção continua a alimentar o padrão de pensamento original . Quando você se fixa mentalmente numa situação , num acontecimento ou numa pessoa que é a causa perceptível da emoção , o pensamento incute energia à emoção , que por sua vez incute energia ao padrão de pensamento , e assim por diante .
Basicamente , todas as emoções são variações de uma emoção primordial e indiferenciada , que tem a sua origem na perda do conhecimento daquilo que você é para além de um nome e de uma forma . Devido à sua natureza indiferenciada é difícil encontrar um nome que descreva essa emoção com exatidão . A palavra " medo " é bastante aproximada , mas para além de uma sensação contínua de ameaça , ela também inclui uma sensação profunda de abandono e de imperfeição . Talvez seja melhor usar um termo que seja tão indiferenciado quanto essa emoção básica e chamar-lhe simplesmente " dor " .
Uma das principais tarefas da mente é lutar contra essa dor emocional ou fazê-la desaparecer , essa é uma das razões para a sua atividade incessante , mas tudo o que consegue fazer é disfarçá-la temporariamente . De fato , quanto mais a mente luta para se ver livre da dor , maior é a dor . A mente nunca consegue encontrar a solução , nem se pode dar ao luxo de permitir que você descubra essa solução , porque ela própria é uma parte intrínseca do " problema " . Imagine um chefe de polícia a tentar encontrar um pirômano quando esse pirômano é o próprio chefe de polícia . Você não se libertará da dor a não ser que deixe de ir buscar à mente a sensação que tem de si próprio , ou seja , de ir buscar ao ego . A mente será então destituída da posição de poder que ocupa e o Ser revelar-se-á a si próprio como sendo a sua própria natureza .
Sim , eu sei o que me vai perguntar a seguir .
Ia perguntar-lhe : e no que toca às emoções positivas , como por exemplo o amor e a alegria ?
São inseparáveis do nosso estado natural de ligação íntima com o Ser . É possível obterem-se vislumbres de amor de alegria , ou de breves momentos de profunda paz , sempre que ocorre um hiato no caudal do pensamento . Para um grande número de pessoas , esse hiato ocorre raramente e apenas acidentalmente , quando a mente fica " sem fala " , o que por vezes é provocado por uma grande beleza , por um esforço físico extremo , ou até mesmo por um grande perigo . De repente , há uma quietude interior . E nessa quietude há uma alegria sutil mas intensa , há amor , há paz .
Geralmente , esses momentos são de curta duração , pois a mente rapidamente retoma a sua barulhenta atividade a que nós chamamos pensar .
Amor , alegria e paz não podem desenvolver-se a não ser que você se liberte do domínio da mente . Mas eu não lhes chamaria emoções . Estão para além das emoções , num nível muito mais profundo . Portanto , você precisa de estar plenamente consciente das suas emoções e ser capaz de as sentir antes de poder sentir o que se situa para além delas . Emoção significa literalmente " pertubação " . A palavra vem do latim emovere , que significa " deslocar " ou " perturbar " .
Amor , alegria e paz são estados profundos do Ser , ou melhor , três aspectos do estado de ligação interior com o Ser . Como tal , não possuem opostos , porque a sua origem está além da mente . Por outro lado , as emoções fazem parte da mente dualista , pelo que estão sujeitas à lei dos opostos . O que significa simplesmente que não pode haver o bem sem o mal . Por conseguinte , na nossa condição não iluminada , quando ainda nos identificamos com a mente , aquilo a que muitas vezes e erradamente se dá o nome de alegria é o lado do prazer , geralmente de curta duração , do ciclo permanente de dor e de prazer .
O prazer tem sempre origem em algo exterior a si , enquanto que a alegria nasce dentro de si . A mesma coisa que lhe dá prazer hoje provocar-lhe-á dor amanhã , ou então abandoná-lo-á , pelo que a sua ausência provocará dor . E aquilo a que muitas vezes chamamos amor poderá ser agradável e exitante durante algum tempo , mas é uma dependência viciante , uma condição extremamente precária que se pode transformar no seu contrário num abrir e fechar de olhos . Muitos relacionamentos de " amor " , passada a euforia inicial , oscilam na realidade entre " amor " e ódio , atração e ataque .
O amor verdadeiro não faz sofrer . Como poderia ? Não se transforma de repente em ódio , assim como a alegria verdadeira não se transforma em dor .
Como já referi , antes mesmo de você ser iluminado - antes de se ter libertado da sua mente - , poderá ter vislumbres da alegria verdadeira , do amor verdadeiro e de uma paz interior profunda , calma , mas vibrante e viva . Estes são aspectos da sua verdadeira natureza , a qual é geralmente encoberta pela mente . Mesmo num relacionamento dependente " normal " , poderá haver momentos em que sentirá a presença de alguma coisa mais genuína e mais incorruptível . Mas serão unicamente vislumbres , rapidamente encobertos de novo pela interferência da mente . Poder-lhe-á então parecer que você teve algo de muito valioso e o perdeu , ou então a sua mente poderá convencê-lo de que , de qualquer modo , tudo isso não passou de uma ilusão . A verdade é que não foi nenhuma ilusão , e você não o pode perder . Faz parte do seu estado natural , que poderá ser encoberto , mas nunca destruído pela mente . Tal com um céu carregado de nuvens , o Sol não desaparece . Continua lá , por trás das nuvens .
Diz Buda que a dor ou o sofrimento nasce do desejo ou ânsia de possuir e que para nos libertarmos da dor devemos quebrar as cadeias do desejo .
Todas as ânsias de possuir são manifestações da mente que procura a salvação ou a satisfação em coisas exteriores e no futuro como substitutos para a alegria do Ser . Enquanto eu for a minha mente , eu sou essas ânsias , essas necessidades , esse querer , esses apegos e essas aversões , e separado deles não há " eu " exceto como mera possibilidade , como um potencial não satisfeito , como uma semente ainda por germinar . Nesse estado , até o meu desejo de ser livre ou iluminado não passa de mais uma ânsia a ser realizada ou completada no futuro . Portanto , não procure ver-se livre do desejo nem procure " alcançar " a iluminação . Torne-se presente . Esteja presente como observador da mente . Em vez de citar Buda , seja " o desperto " , que é o que a palavra buda significa .
Os seres humanos vivem nas garras da dor há eternidades , desde que caíram do estado de graça entraram no reino do tempo e da mente e perderam o conhecimento do Ser . Nessa altura , começaram a ter a percepção de si próprios como fragmentos sem sentido num universo estranho , desligados da Fonte e uns dos outros .
A dor é inevitável enquanto você se identificar com a sua mente , ou seja , enquanto estiver inconsciente , espiritualmente falando . Refiro-me aqui basicamente à dor emocional , a qual é também causa principal das dores e das doenças físicas . Ressentimento , ódio , autocomiseração , remorso , ira , depressão , inveja e coisas semelhantes , e até mesmo a mais pequena irritação , são formas de dor . E todos os prazeres ou todos os pontos altos emocionais contêm de si a semente da dor : o seu oposto inseparável que se manifestará a seu tempo .
Qualquer pessoa que já se tenha drogado para ficar " bem " sabe que o bem acaba por se tornar mal , que o prazer se transforma numa certa forma de dor .
Muitas pessoas também sabem , por experiência própria , quão fácil e rapidamente uma relação íntima se pode transformar , de uma fonte de prazer , numa fonte de dor . Vistas de uma perspectiva mais ampla , ambas as polaridades , positiva e negativa , são faces da mesma moeda , fazem parte da dor subjacente que é inseparável do estado egoico de consciência identificada com a mente .
A sua dor tem dois níveis : a dor que você cria no presente e a dor que vem do passado e que ainda continua a viver na sua mente e no seu corpo . Deixar de criar dor no presente e desfazer a dor passada - é disso que eu lhe quero falar agora .
Texto : Eckhart Tolle ( extraído do livro O Poder do Agora cap. 1 )
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