segunda-feira, 7 de março de 2011

" Meditação na via da serpente "

Um trecho de música se compõe não somente de notas que se sucedem , mas também de uma série de silêncios que intervém entre as notas . Entretanto , temos antes de tudo consciência dos sons e não dos silêncios . Do mesmo modo que estes silêncios Forman um plano de fundo oculto para os sons , à mente é o plano secreto de todas as nossas idéias . Na vida ordinária não damos atenção ao próprio processo de pensar , mas , somente aos objetos que os desencadeiam . Nosso estudo da consciência física revelou-se seu caráter alternativo e descontinuo . Assinalamos que a incrível rapidez de seu movimento vibratório dissimula esse caráter sob o véu de uma unidade ilusória e que , de fato , existe um intervalo infinitesimal entre cada lampejo de pensamento e o que se lhe segue . Este intervalo não é outra coisa que o grande intervalo de mente-em-si . Se houvesse sempre um lapso de tempo apreciável entre duas idéias , encontrá-lo-iamos preenchido pela consciência de sua fonte que é a mente . Cada um tomaria então consciência de sua natureza divina . Infelizmente embora os pensamentos sejam descontínuos , o " eu " pessoal nos domina a todos e se conduz como uma lagarta que , na folha em que esta , não larga o ponto em que se agarra senão depois de haver assegurado de outro , igualmente seguro , em outra folha . O verdadeiro intervalo entre dois pensamento é , pois , coberto pelo pensamento pessoal ele cria desta maneira uma cortina continua de ilusão que mascara a realidade da mente pura donde emanam todos esses pensamentos , assim como a propria realidade .

Idéias em Perspectiva

O que quer que o universo seja na experiência humana , ele é em aspectos importante , como um sonho , isto é , temos de admitir a existência de um mundo de sonho como um fato indubitável , porque é um mundo percebido e experiênciado ; mas ao mesmo tempo não podemos atribuir a sua forma a existência última e , portanto , a realidade duradoura . Pois ele não é percebido nem experiênciado depois que despertamos do sono . Esse caráter duplo do mundo de sonho também pertence ao familiar e assim chamado universo real . Isto é evidente e , no entanto , ao mesmo tempo paradoxal . Por essa razão , os antigos filósofos tibetanos declararam que o mundo era tanto existente quanto não existente . Para a mente que não investiga , ele é vividamente o que parece ser ; mas para a percepção profunda e desperta do sábio , sua forma se apresenta como uma versão mais duradoura da forma transitória de um mundo de sonho . Ambas as formas são construção do pensamento . Ambas têm a mente como " substância " subjacente . Portanto , A mente é a sua realidade . Separado da mente , O mundo poderia sequer existir , do mesmo modo que o sonho não poderia existir separadamente do homem que sonha .
Texto : Paul Brunton ( do Livro Idéias em Perspectiva , Edit. Pensamento )
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