sábado, 17 de setembro de 2011

" Vivendo de Luz "

Ela considera a comida o maior vício da nossa civilização , e fora alguns biscoitinhos em situações sociais , está sem ingerir nutrientes desde maio de 1999 . Assim como a brasileira Evelyn e seu marido , o norte-americano Steve Torrence , cerca de 100 pessoas em todo mundo fizeram essa opção e garantem que livrar o corpo do " vício " de se alimentar rejuvenesce , dá mais energia e diminui o sono . Sabe-se lá se não é essa a receita da tão sonhada imortalidade .

Débora F. Lerrer 


Desde maio de 99 , o casal Steve , 36 , e Evelyn Torrence , 39 , riscou do mapa as refeições diárias que fazem parte do cotidiano de boa parte da humanidade . Brasileira , radicada nos Estados Unidos desde 1998 , Evelyn ostenta um corpo enxuto , de 47 quilos , distribuídos em 1,66 m . Está bem longe da imagem de alguém supostamente desnutrido - mas não ingere comida há quase dois anos .
Na realidade , não é que eles não se alimentem de nada : a " comida " deles é " prana " , a energia universal que é obtida a partir da respiração e da absorção da luz solar . Algo como a fotossíntese realizada pelas plantas que , no caso dos humanos , seria feita pelas glândulas pineal e hipófise , segundo Evelyn .
De acordo com ela , existem várias formas de se absorver a energia prânica - em geral , através de técnicas respiratórias comuns para quem pratica yoga . Mas o jeito mais simples mesmo é olhar o sol todos os dias de manhã bem cedo . " A luz do sol vai direto para as glândulas pituitária ( hipófise ) e pineal " , diz Evelyn . Ela explica que se a pessoa começa a encarar o sol durante dez ou vinte segundos por dia , os olhos vão se acostumando e a forte luz do sol não incomoda mais . Para Evelyn , as nossas glândulas são como os painéis solares usados pelas casas que aproveitam a energia do sol para ter luz e aquecer a água . " Nossas glândulas absorvem essa energia e ficam o dia todo passando para o nosso corpo inteiro . Elas funcionam como uma bateria energética que a gente carrega toda a manhã . "
Escritora , com três títulos publicados no Brasil , Evelyn acredita que nós simplesmente somos viciados em comida , que para ela é a pior das drogas . " A energia do alimento é ilusória , é igual a cocaína . Quando você come , você está bem , depois entra em processo de digestão , que tira toda a energia que você tinha e que a comida deu " .
Além de ser responsável pelo " maior desgaste energético " de uma pessoa , para Evelyn a comida é a maior causa das doenças que assolam a humanidade . " Comida é extremamente poluente em todas os aspectos .
Você está ingerindo veneno e toxina e espera que seu organismo digira isso . Só que ele não consegue e tem uma hora que pifa . 91% das doenças do mundo moderno são causados pela alimentação , o resto pela mente . Doença mesmo não existe " , afirma ela , que acredita que a não-alimentação pode conduzir à imortalidade . " Posso morrer de acidente de carro , assassinada , de queda de avião , de raio na minha cabeça , mas não morro mais de velhice nem de doença " .
Ela garante que desde que parou de comer , seu corpo começou a rejuvenescer . " Há dois anos , quando me olhava no espelho já via o processo de envelhecimento . Hoje , vejo as marcas do rosto sumindo , os cabelos brancos desaparecendo e os meus músculos estão tão duros que as pessoas acham que eu malho o dia todo " . Atualmente trabalhando junto com o marido em processos de despoluição , Evelyn foi esportista na juventude . Conquistou o vice-campeonato brasileiro de natação , em 75 , e com sua antiga empresa de promoções , a BWA , organizou o circuíto de competições de bodyboarding no País , modalidade da qual foi vice-campeã nacional em 89 .

Desintoxicação radical 

Para se tornar totalmente independente do prosaíco e delicioso hábito de comer , Evelyn e Steve o casal seguiu os passos de Jasmuheen , 47 , australiana que parou de comer em 1993 e escreveu o livro Viver de Luz . O primeiro passo foi se submeter a um processo de desintoxicação " praticamente suicida " , que durou 21 dias . Na primeira semana , não ingeriram sequer água . " É quase enlouquecedor . É a mesma coisa que sente um viciado de heroína quando vai para uma clínica de desintoxicação . Você treme , tem depressão , praticamente morre . O que te mantém vivo é a tua determinação " , conta ela , que emagreceu , na primeira fase , sete dos nove quilos que perdeu ao todo .
Na segunda semana , já era permitido ingerir água . Ela lembra que depois de sete dias de abstinência , ao colocarem água na boca , eles tiveram uma experiência mágica . " Parecia que eu tinha nascido de novo . A água passa a ser a coisa mais importante na vida " . Nessa semana , eles também tiveram a opção de botar algumas frutas diluídas " para dar um gostinho na água " .
Depois de terminadas as três semanas de desintoxicação , fora os biscoitinhos que eles comem em situações sociais , o casal nunca mais ingeriu comida . Ela estima que depois desse processo , 90% das pessoas não volta mais a se alimentar regularmente , ou seja , a ingerir três refeições por dia . " As pessoas voltam a comer esporadicamente , socialmente , mas não mais comida , porque o organismo não aceita " , diz ela . " Fica uma maça , um docinho , um sushi por dia , mas rotina alimentar nunca mais " .
Hoje , portanto , quando o casal esta trabalhando , não é mais o alarme do estômago que comanda os intervalos . " Se a gente se cansa de trabalhar , vamos andar de patins , de bicicleta , assistir um filme , fazer amor , não tem mais meio-dia . A gente pára quando sente vontade " . Às vezes , entretanto , quando há muito trabalho , eles podem começar às 5 da manhã e acabar só na madrugada seguinte , pois não sentem mais o cansaço físico e mental , que ela atribui ao processo de digestão . " A gente não dorme mais . Nós repousamos , pois o sono é muito leve . Temos no máximo quatro horas de sono " . Ela também revela que a vida sexual fica " mais energética " .
" Sexo não é mais uma necessidade física , é uma troca energética . Meu marido não tem ejaculado , então a gente pode ficar fazendo amor quatro , cinco horas sem parar " . Ela também acredita que como eliminou as toxinas que tinha em seu corpo , seus sentidos ficaram mais intensificados . " Quando sou tocada , minha sensibilidade faz o toque ser sentido no corpo inteiro " .
Hoje em dia Evelyn garante não sentir mais nenhum pingo de vontade de comer . Certa vez foi no aniversário de uma amiga que havia preparado um bobó de camarão , cujo cheiro estava muito apetitoso .
Para ela , no entanto , bastou dar uma " cheiradinha " na comida , que ela se sentiu satisfeita . " Não é um sacrifício para a gente . Todo mundo tem desejo de comer , mas nós eliminamos o desejo . Ficamos só na água . É mais fácil do que as pessoas podem imaginar " .
Para tornar-se um ser totalmente independente da comida , não precisa , segundo ela , ter espiritualidade nenhuma . " Só precisa ter total consciência de que é sua própria vontade que vai determinar o processo . A crença é o maior poder que o ser humano tem " . Seguindo esse raciocínio , ela acha que só morre de fome quem acredita que não ingerir comida mata .


À espera de comprovação 


Em agosto de 2001 o casal Torrence fará parte de um grupo de nove pessoas que passará todo o mês internado em um instituto médico da califórnia , nos EUA . Eles serão supervisionados por uma equipe de especialistas 24 horas por dia , e serão submetidos a exames diários de sangue . Os resultados dessa experiência serão entregues ao governo norte-americano . Evelyn espera que essa experiência seja a prova científica de que eles realmente não se alimentam e que o hábito de faquir que eles incorporaram realmente funciona .
Na Índia , Hira Ratan Manek , um engenheiro mecânico aposentado de 64 anos , está tendo sua saúde monitorada por uma equipe médica do Healtch Care Internacional Multitherapy Institute  desde dois dias antes de entrar em jejum . A experiência se encerra no dia 15 de fevereiro de 2001 , e Manek terá completado 411 dias sem comer .
Um dos médicos que está monitorando a saúde de Manek , Sudhir Shah , acredita que se trata de um caso crônico de síndrome de adaptação , onde o corpo reduz naturalmente a necessidade alimentar depois de 16-17 dias de jejum , por conta da redução do sistema receptor . Ele , entretanto , não descarta a possibilidade de ter algo a ver com a mecânica cerebral responsável pelas atividades parafísicas . Os exames têm comprovado que todas as partes do cérebro de Manek , incluindo o hipotálamo , a glândula pituitária e a medula oblongada mostraram sinais de mudança durante seu jejum prolongado .
Para o presidente da sociedade brasileira de endocrinologia e metabologia , Dr . José Marcondes , é impossível que pessoas que mantém uma vida ativa possam viver tanto tempo sem ingerir nutrientes . " Não vejo outra opção . Eles devem estar comendo " , diz ele . " Mesmo fazendo fotossíntese , os vegetais precisam dos nutrientes da terra para viver " .
Para ele , se a crença tivesse capacidade de evitar que pessoas que não se alimentam não morressem , não haveria tantos casos de morte por anorexia nervosa , em que as vítimas , acossadas pelo medo de engordar , perdem a noção da imagem corporal , param de comer e mesmo sendo informadas da morte iminente , não acreditam .
Fonte : http://www.terra.com.br/planetanaweb/transcendendo/corpo/vivendo_de_brisa_01.htm
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