terça-feira, 6 de setembro de 2011

" Paul Brunton "

A alma de Paul Brunton " trocou uma existência tranquila por uma agitada " ( conforme ele dizia ) em algum lugar de Londres , em 1898 . Não podemos falar nada sobre a origem de sua família , sua educação e nem mesmo seu nome de nascimento , pois " PB " ( como preferia ser chamado ) não compartilhava esses assuntos nem com seus leitores nem com visitas . Seus vinte e oito livros oferecem pouca ajuda nesse sentido e menos encorajamento ainda a um biógrafo . Mas isso tem pouca importância em comparação com o panorama que seus livros revelam sobre a busca interior e espiritual à qual toda sua vida foi dedicada . Por esse motivo , respeitando seu próprio senso de proporção , esta introdução se baseia exclusivamente no que P . B . decidiu falar de si aos seus leitores ; frequentemente incorporando suas próprias palavras .
P . B . nos conta que seus primeiros contatos com a busca vieram na adolescência através da leitura : ele menciona a inspiração que encontrou nas cartas de São Paulo ; no romance ocultista Zanoni , de Bulwer-Lytton e especialmente em o Despertar da Alma ( ou Hai Ebn Yokdan , o Filósofo Autodidata ) , de Ibun Trufail . Foi este último , um trabalho Sufi , que lhe deu a ideia geral sobre meditação , um assunto em que ele se tornaria a mais notável autoridade moderna . Sem guiança ou instrução , ele começou a praticar a meditação , tateando seu caminho no que a princípio era escuridão absoluta .
Após seis meses de meditação diária e dezoito meses de aspiração ardente pelo Eu Superior , ele experimentou uma série de êxtases místicos .
O encantamento e frescor dessas iluminações vigorosas diminuíram depois de algumas semanas , mas deixaram P . B . com uma cosciência contínua que carregou consigo por mais três anos . Então , P . B . encontrou um místico avançado , um americano que vivia em Londres , que o convidou a se submeter a certos testes que , se passasse , o conduziriam ao próximo degrau da iluminação . O resultado foi um fracasso e P . B . , em consequência disso , entrou num estado que os místicos medievais chamavam de a Noite Escura da Alma .
Por três anos ele não teve nem tempo nem capacidade para meditar ou mesmo para sustentar a aspiração .
Um acontecimento inesperado arrancou P . B . de sua depressão espiritual . Ele retomou novamente a prática de meditação e depois de algumas semanas recuperou , numa sessão memorável , o nível de consciência que havia desfrutado antes . Mas agora era com maior conhecimento e compreensão . Ele começou a ver com clareza os padrões e os significados que estavam por detrás de sua própria vida e da vida dos demais . Compreendeu que ao longo de seus anos de escuridão a Presença espiritual nunca o havia abandonado , mas havia aguardado silenciosamente o momento em que seus próprios esforços o reuniriam a ela . Extraiu disso a grande lição da necessidade de se ter esperança e , mais que isso , sentiu-se incumbido da tarefa de comunicar isso a outros que poderiam se sentir desencorajados por seu insucesso na busca .
Anos de desenvolvimento e crescimento seguiram esta segunda iluminação .
Por muitos meses , durante o ano de 1918 , P . B . ouviu o que ele chama de " Verbo Interior " , compreendendo que a fonte de força e sabedoria não deveria ser buscada em nenhum lugar além do Ser interior de cada um .
Após a Primeira Guerra Mundial , P . B . morou por um período em Bloomsbury .
Dividiu um apartamento com Michael Juste , o fundador da Livraria Atlantis , na mesma casa onde Virginia e Leonardo Woolf mais tarde estabeleceriam sua residência e o mesmo lugar da Editora Hogarth . Tendo sido sempre um escritor nato e até compulsivo , P . B . agora entrou no mundo do jornalismo e se tornou um revisor bem sucedido e um escritor de material publicitário de sucesso .
No final dos anos 20 , P . B . iniciou uma pesquisa intensa no Oriente , levada a cabo com o apoio do Secretário de Estado para a Biblioteca da Índia . Assim ampardo , iniciou sua primeira viagem ao leste . Durante os anos 30-1 , viajou pela Índia , se mesclando com todas as classes e encontrando yoguis , faquires , homens e mulheres santos de todos os graus . Os dois por quem ele sentiu a mais profunda afinidade foram o Shankaracharya de Kamokoti e Sri Ramana Maharshi , o Sábio de Arunachala ( que não deve ser confundido com Maharishee Mahesh Yogi ) . Shankaracharya , líder espiritual do Sul da Índia e o herdeiro da linhagem Vedântica , fundada pelo primeiro Shankara , nasceu em 1895 . Ele foi visto em darshan público lendo os Notebooks de P . B . . Sendo líder de uma instituição pública , ele se recusou a ter P . B . como discípulo , mas lhe sugeriu que fosse para Arunachala , uma montanha sagrada no extremo sul da Índia e conhecesse um sábio que morava lá . Este era Ramana Maharshi , praticamente desconhecido naquela época , agora celebrado como um representante singular e moderno da mais pura escola Advaíta ( não dualista ) de filosofia e autorealização .
A busca de P . B . pelos tesouros espirituais da Índia encontrou seu clímax no encontro com Ramana Maharshi . Conforme apresenta em seu livro A Índia Secreta , ele começou então uma busca interior sob a direção do sábio . Por meio de meditação na pergunta " Quem sou Eu ? " , ele descobriu que não era o corpo ; nem as emoções , nem o intelecto . Finalmente , ele foi levado ao estado de ausência de pensamentos do Ser puro , que permitiu que um Eu mais elevado , insuspeito , assumisse o comando . Isso por si só foi liberdade perfeita .
Na realidade , como ele nos conta bem mais tarde nos Notebooks , essa não foi uma experiência nova para P . B . , mas um contato renovado com o estado que ele tinha conhecido anos antes .
Enquanto estava na Índia , P . B . contraiu malária maligna , que o debilitou por dois anos . Ao se recuperar , ele recusou as muitas ofertas de trabalho editorial e publicitário lucrativos que apareceram ao seu caminho e começou a converter suas experiências indianas em um livro . Ele se estabeleceu numa vila calma no sul de Buckinghamshire . Ficou alojado em dois cômodos de uma hospedaria até que sua pequena casa fosse construída .
A Índia Secreta apresenta seu autor como sendo um pouco cético e ingênuo , mas é preciso compreender que isso foi uma atitude deliberada , adotada conscientemente para atrair leitores céticos e ingênuos dos anos 30 . Ainda era a era do Império , quando o colonialismo e o movimento missionário cristão inculcaram na Inglaterra um desprezo inveterado pelo homem pardo e suas religiões . Mas aqui estava um viajante que não só testemunhou fenômenos que confundiam a ciência materialista , não somente ousou enaltecer o Islã como uma religião socialmente louvável e racional , mas que acabou sentado com profundo respeito aos pés de um iogui que vestia tanga . Para a introdução do livro , P . B . convidou Sir Younghusband , co-líder da força expedicionária britânica que invadiu o Tibet em 1904 e que , agora aposentado , se dedicava à reconciliação das religiões do mundo . O livro foi recebido com entusiasmo e vendeu um quarto de milhão de cópias em várias línguas .
Em duas ocasiões distintas , depois de seu retorno da Índia , P . B . recebeu em meditação uma solene incumbência ou missão . Numa noite de verão , à margem do Tamisa , ele foi mergulhando num estado de transe profundo e entrou na presença dos Quatro Grandes Seres que zelam pelo bem estar do planeta . Uma tarefa especial lhe foi dada , que era ao mesmo tempo assustadora e exaltante . Novamente , em 1934 , quando estava prestes a partir para sua segunda viagem ao leste , recebeu um apelo do sábio que tinha conhecido lá para compartilhar com os outros o seu conhecimento sobre o caminho que leva ao Eu espiritual . Colocando de lado seus preparativos para a viagem , ele respondeu escrevendo o livro O Caminho Secreto em apenas quatro semanas . Alice A . Bailey escreveu o Prefácio e o livro foi publicado em 1935 .
O Caminho Secreto é um pequeno manual de meditação , um dos primeiros a surgirem no Ocidente moderno e o primeiro a explicar o método de Autoindagação como ensinado por Raman Maharshi . Aqui P . B . estabelece um de seus princípios mais firmes : independentemente de quão místico ou abstruso seja o seu material , explicá-lo sempre em inglês bom e claro . Em vão se investiga seus trabalhos pelas notas de rodapés , pelos termos não traduzidos do sâncrito , chinês e tibetano que adornam a erudita literatura e intimidam os leitores não acadêmicos . O que P . B . aprendeu no Oriente e da tradição antiga , ele apresenta como uma sabedoria viva , que é preciosa tanto para o operário de fábrica como para o professor . Este estilo de apresentação naturalmente o retirou da estima do mundo acadêmico , enquanto certos revisores abusaram nas críticas . Ele reflete sobre essa reação nos prefácios de alguns de seus livros .
P . B . iniciou sua segunda viagem com um período no Egito , onde coletou os materiais e passou pelas estranhas experiências narradas em O Egito Secreto .
Este é o mais sensacional de seus trabalhos , abordando a história oculta e as origens Atlantes da civilização e monumentos egípicios , bem como a questão dos mágicos atuais . P . B . passou uma noite dentro da Grande Pirâmide .
Equipado com nervos mais fortes do que a maioria de seus leitores , ele parece ter revivido o processo iniciático para o qual a Pirâmide tinha originalmente a intenção de servir . Isso demonstrava ao neófito , além de qualquer dúvida , a imortalidade de seu ser e sua máxima libertação do mundo material .
As duas " Buscas " de P . B . homenageiam as fontes gêmeas do esoterismo moderno . Por um lado , há o Egito , lar dos construtores da Pirâmide e da tradição Hermética : o Egito , que considerava como crianças os gregos antigos cujos filósofos para lá iam em busca de iniciação . A Alquimia , o Gnosticismo , a Franco Maçonaria e a tradição mágica ocidental , todos traçam suas raízes no Egito . Por outro lado , existe a Índia , tardiamente descoberta pelo Ocidente , fonte dos Vedas e do Bhagavad Gita ; lar de Krishna e de Gautama o Buda . As doutrinas esotéricas da Índia tiveram atenção mais ampla no Ocidente com a Sociedade Teosófica , no final do século dezenove . Era para P . B . desmistificá-las e providenciar uma adaptação prática da yoga ( o caminho de se tornar um " submetido " a Deus - a raiz da palavra é a mesma ) para as pessoas comuns .
Continuando sua viagem , P . B . navegou do Egito para a Índia e novamente alcançou o ashram de Ramana Maharshi antes do fim de 1935 . Um dia , ao subir o topo da montanha sagrada de Arunachala , P . B . se sentiu impelido a dirigir-se aos seus companheiros do Ocidente , que ele podia ver espiralando para baixo em direção a um materialismo sem propósitos . Sem demora escreveu a substância de um pequeno livro , que como seus posteriores Notebooks não é uma argumentação ou narrativa contínua mas uma série de parágrafos conectados livremente . Mensagem de Arunachala é um chamado sério para o mundo Ocidental atender sua alma . Posteriormente , P . B . arrependeu-se por o tom do livro ter sido tão negativo , mas reflete bem as nuvens que se juntavam sobre a Europa no momento de sua escrita .
No verão de 1936 , P . B . fez um retiro em pequeno bangalô no alto dos Himalaias , a convite de um príncipe do Nepal . Deste retiro saiu talvez o seu livro mais belo livro , Um Heremita no Himalaia , que é repleto de seu amor pela natureza intacta e de sua afinidade com as estrelas . Aqui ele fala mais intimamente com o leitor , deixando cair a máscara que criou para as duas " Buscas " e se mostrando vivendo a vida simples e solitária que preferia , movendo-se gradualmente , como ele se expressa , " para dentro das cortes do Senhor " .
No verão seguinte foi Maharajah de Mysore quem lhe ofereceu hospitalidade e as condições favoráveis para escrever A Busca do Eu Superior . Maharajah era um soberano muito iluminado e um devoto do não dualismo Vedanta . Seu patrocínio a P . B . , junto com a amizade dos Maharajahs Leitores de Filosofia , T Subrahmanya Iyer e de T . M . P . Mahadevan , Professor de Filosofia na Universidade de Madras , desmentiram os críticos indianos e orientais de P . B . que afirmavam que , escrevendo livros populares ele tinha diluído ou distorcido as doutrinas orientais . Frequentemente , o motivo por detrás de tais críticas originava-se da recusa de P . B . a endossar o guru favorito de alguém ou de emprestar sua energia a movimentos políticos . Aqueles que ensinavam e viviam a mais alta filosofia , como Ramana Maharshi , o Shankaracharya e Sri Atmananda , instintivamente o aceitaram como um dos seus . A Busca do Eu Superior é um sucessor de O Caminho Secreto , sendo um manual mais detalhado de meditação . Contém muitos exercícios designados a atrair pessoas de diferentes temperamentos e necessidades .
Foi em 1937 também , e sob o comando de Maharajah de Mysore , que P . B . fez um estudo especial dos ecos da sabedoria oriental na filosofia ocidental . Isto apareceu como Indian Philosophy and Modern Culture , um pequeno estudo que , dentre os livros de P . B . , só ele não foi reimpresso por muitos anos .
O último fruto desse período indiano foi A Realidade Interna ( intitulado Descoberta de Si na sua tiragem americana ) , escrito em 1938 . O propósito específico deste livro era destinado aos Cristãos , para lhes apresentar o significado mais profundo de sua religião e para o benefício da prática da meditação . Há comentários fascinantes e originais sobre as Beatitudes , a Oração do Senhor etc . , à luz da busca . É daqui que retiramos as palavras de P . B . sobre Jesus como descrito no evangelho de São João .
Em 1938 , P . B . deixou o oriente para ir para os Estados Unidos , onde passou alguns meses . Da costa oeste , ele navegou de volta à Ásia , visitando a China , a Tailândia e o Camboja , antes de se instalar novamente na Índia pelo período de duração da Segunda Guerra Mundial . Foi em 1939 que ele foi às ruínas de Angkor no Camboja , outrora a base de uma civilização de alta espiritualidade que tinha mesclado o hinduísmo e o budismo harmoniosamente . P . B . foi lá , como antes tinha ido a Madame Blavatsky , para receber um certo contato através da meditação . Mas outro contato foi feito lá , físico , que seria de grande significância para ele . Esse foi com um lama mongol exilado , que era capaz de responder algumas questões metafísicas importantes . Graças à chave fornecida por esse mongol , P . B . pôde iniciar sua obra filosófica magistral .
O projeto ambicioso de um trabalho de dois volumes que explicaria em linguagem simples a mais alta filosofia e suas práticas concomitantes foi mais tarde , para o pensar de P . B . , dividido em dois livros separados , A Sabedoria Oculta Além da Ioga e A Sabedoria do Eu Superior . Muitos que haviam apreciado seus escritos anteriores ficaram desapontados com esses , por serem , francamente , leituras difíceis . Aqueles que persistiram aprenderam que além das gratificações da devoção religiosa , além dos êxtases do misticismo , jaz o reino da Filosofia verdadeira , um termo para o qual P . B . recuperou seu sentido nobre de " amor à sabedoria " . Ele explica por que não é suficiente ter experiências psíquicas ou mesmo espirituais : é preciso entender o que se experiencia , ou então corre-se o risco de autoengano , de desequilíbrio , ou de dogmatismo para o qual o misticismo não é a cura - de fato , é o que tem acontecido frequentemente com os psíquicos e com os místicos . A " sabedoria oculta além da ioga " é a sabedoria que sabe por que alguém pratica ioga ( ou meditação , pois P . B . quase nunca se interessa pela Hatha Yoga , ou ioga física ) . É a sabedoria cosmológica que sabe como o mundo vem a ser ; como nós o percebemos e por que o mundo é como é .
O primeiro volume , A Sabedoria Oculta Além da Ioga , dirige o leitor passo a passo à admissão de que o mundo material como normalmente é concebido simplesmente não pode existir . O segundo volume , A Sabedoria do Eu Superior , oferece a solução desse impasse ao adotar uma filosofia puramente " mentalista " . Explica como todo o nosso mundo é projetado pelas nossas mentes e como o grande mundo externo a nós é projetado como um pensamento da Mente-do-Mundo . É uma proeza de rara ordem ter exposto esta doutrina sutil e revolucionária sem jargão e sem o exagero de termos difíceis . P . B . reduz a incontrolável riqueza da filosofia oriental a poucos conceitos monumentais , dos quais os mais importantes são os seguintes : o Ego , o ser ilusório e separado que cada um de nós pensa ser ; o Eu Superior , que é a nossa realidade divina ; a Mente do Mundo , criadora de todos os universos ; a própria Mente , o fundamento silencioso e não manifesto de todo o ser .
É impossível transmitir adequadamente a majestade de A Sabedoria do Eu Superior ; a pungência de seus capítulos sobre o sofrimento , a morte e da então atual guerra mundial ; o valor supremo dos exercícios práticos de ioga mental , que não são encontrados em nenhum outro lugar da literatura ocidental . Acima de tudo , há o efeito transformativo de sua filosofia , como água dada a quem está morrendo de sede no deserto da pseudo-filosofia moderna .
P . B . terminou o livro A Sabedoria do Eu Superior em dezembro de 1942 . Ele tinha escrito dez livros em menos de dez anos e agora estava tão silencioso que foram publicadas notícias sobre sua morte . Ele saiu da Índia no fim da guerra e suas viagens subsequentes o levaram novamente ao redor do mundo , apesar de não podermos traçá-las mais exatamente . Um homem como P . B . nunca está inativo , mesmo que possa passar um ou mais anos sem ser visto fazer coisa alguma , além de comer um pouco e dormir menos . A busca continua em reinos que não podemos imaginar , e o fardo de ajudar a humanidade , uma vez aceito , pode tomar formas estranhas e internas .
Em 1952 ele quebrou seu silêncio , publicando A Crise Espiritual do Homem .
Este foi o primeiro livro desde A Índia Secreta que ele conseguiu escrever com folga e os Notebooks contêm centenas de parágrafos adicionais que certamente vêm desse período . A " crise espiritual " do título é redutível à pergunta : A raça humana vai aprender sua lição de duas guerras mundiais ou pela ignorância vai mergulhar num terceiro desastre ainda mais terrível ? O livro é uma reflexão sobre as consequencias espirituais da Segunda Guerra Mundial e da única direção onde existe esperança para o futuro : aquela do retorno da humanidade aos princípios morais e espirituais . Mais que isso , é um trabalho de inspiração para o indivíduo que colocou os pés no caminho do retorno , mas está obrigado a viver entre aqueles que o ignoram ou o recusam .
A Crise Espiritual do Homem foi o último livro que P . B . publicou em vida . No ano seguinte , 1953 , ele próprio entrou em uma crise . Pegou uma doença tropical , contraída no oriente distante , que ameaçou terminar fatalmente .
Entretanto em um estado de coma , ele encontrou a figura astral de um Mestre muito conhecido e muito amado , que lhe deu a escolha entre deixar o seu corpo naquele momento e naquele lugar ou recuperar-se e continuar sua vida terrena para o benefício de seus companheiros humanos . De pena daqueles que nele buscavam ajuda P . B . relutantemente decidiu retornar e completar sua missão .
Sempre destinado a ser um andarilho , P . B . continuou viajando . Esteve na Nova Zelândia por dois anos ; passou tempos na Austrália e nos Estados Unidos . Ele constantemente recusava convites que o colocassem como uma figura pública , ou mesmo que o tornassem o foco de um de ashram particular como fora Ramana Maharshi . Mais tarde ele se estabeleceu na Suíça , vivendo principalmente às margens do Lago de Lugano e do Lago de Genebra .
Valorizava sua solitude e a protegia das importunações dos bem intencionados e dos meio loucos igualmente , mantendo apenas um endereço postal .
Ocasionalmente consentia dar entrevistas , mas somente sob a condição de o interessado não esperar encontrar nele um guru . Fazer as compras e cozinhar para si , enfrentando os rigores do inverno alpino - isso se tornou crescentemente penoso quando ele se aproximou dos oitenta anos . Nos seus últimos anos , os amigos asseguraram que ele sempre tivesse um assistente à mão para cuidar das tarefas domésticas e escrever cartas para ele .
Um pouco do que P . B . tinha feito durante seus anos de silêncio emergiu quando foi percebido que ele tinha escrito umas sete mil páginas de anotações , junto com mais três mil páginas de material de pesquisa relativo , deliberadamente guardadas para publicação póstuma . Aparentemente , P . B . quase não passou um dia sem escrever alguma coisa , em obediência à sua profissão escolhida e a seu hábito de vida . Mas longe de ser um discurso conectado ou um tratado , essas anotações pareciam ter sido feitas aleatoriamente , em cada assunto concebível . Elas variavam de sentenças simples a parágrafos substanciais , havia também uns poucos ensaios de uma página ou um pouco mais longos . Em total contraste com sua natureza física - por que eram frequentemente escritas em minúsculos pedaços de papel ou em cadernos pautados baratos - as anotações apresentavam um aprofundamento da filosofia que tinha sido exposta nos livros publicados , refletindo mudanças muito consideráveis pelas quais P . B . tinha passado desde seu silêncio .
Quando uns poucos amigos de P . B . souberam da existência desse material , preocuparam-se para que ele não se perdesse , além da grande vontade de ler o que P . B . vagamente dizia ser seu " Resumo " . Um grupo de americanos que havia sido apresentado ao seu trabalho por Anthony Damiani , o fundador do Centro de Filosofia Wisdom's Goldenrod , recebeu a permissão de iniciar a digitação e a seleção dessas anotações com vistas a sua publicação posterior .
Quando P . B . morreu , no dia 27 de julho de 1981 , ele tinha estabelecido vinte e oito categorias sob as quais o material deveria ser classificado . Os manuscritos foram transferidos para Valois , no Lago Seneca , em Nova Iorque , onde um trabalho intenso foi realizado com eles . Uma coleção de ensaios , aparentemente datando dos anos 40 e 50 , foi publicada em 1984 como Essays on the Quest ( Ensaios sobre a Busca ) , e no mesmo ano o primeiro volume dos Notebooks apareceu com o título Ideias em Perspectiva , impresso pela Larson Publications . A devoção absoluta de apenas uma dúzia de pessoas e seus financiadores permitiram que as séries dos Notebooks fossem publicadas numa rapidez sem precedentes , com o décimo sexto e último livro aparecendo em 1989 .
Paul Brunton foi um sábio : um homem iluminado ou liberado ; ou um jivan mukti , se alguém preferir a precisão do termo hindu . Observe , no entanto , que a reivindicação é nossa , não dele . Não é falsa modéstia que o faz se afastar cuidadosamente de afirmar sua própria iluminação , enquanto escrevia com clareza sem precedentes sobre o estado de consciência do homem que atingiu o objetivo de busca humana . É inerente à própria coisa que faz de um homem um sábio : que ele tenha banido seu ego permanentemente e não tenha mais nenhum senso de identidade pessoal além do que ele possa assumir por conveniência ou cortesia . Ele vive em união com o Eu Superior , que nunca atingiu iluminação pela simples razão de que sua essência interna é iluminação . Partindo desse ponto de vista , ele está descrevendo um processo e um estado sobre os quais ele não tem nenhum senso de posse . O conhecimento que isso também é o destino de cada um de nós parece ser tão essencial quanto qualquer coisa que possa ser compreendida pela leitura .
Texto : The notebooks are copyright - The Paul Brunton Philosophic
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