sábado, 14 de abril de 2012

" OS MESTRES "

O HOMEM PREFEITO

O HOMEM PERFEITO :
UM ELO NA CORRENTE DA EVOLUÇÃO

Há uma etapa , na evolução humana , imediatamente anterior à meta do esforço humano , que , uma vez atravessada , o homem , enquanto homem , não tem mais nada a realizar . Ele torna-se perfeito ; sua carreira humana terminou . As grandes religiões dão nomes diferentes a esse Homem Perfeito , mas , qualquer que seja o nome , o conceito é o mesmo ; Ele é Mitra , Osíris , Krishna , Buda ou Cristo , mas sempre simboliza o Homem que se tornou perfeito . Ele não pertence a uma única religião , nação ou família humana ; não está limitado por um único credo ; em todo lugar ele é o mais nobre , o mais perfeito ideal . Todas as religiões o proclamam ; todos os credos têm nele sua justificação ; ele é o ideal pelo qual se esforçam todas as crenças , e cada religião cumpre sua missão com maior eficiência , conforme a claridade com que ilumina e a precisão com que ensina o caminho pelo qual ele pode ser alcançado . O nome de Cristo , atribuído ao Homem Perfeito pelos Cristãos , designa mais um estado do que o nome de um homem . " Cristo em você , a esperança da glória " , é o pensamento do mestre Cristão . Os homens , no longo percurso da evolução , atingem o estado de Cristo , pois todos concluem com o tempo a peregrinação secular , e aquele que especialmente no Ocidente está conectado a esse nome é um dos " Filhos de Deus " , que atingiram o objetivo final da humanidade . A palavra sempre trouxe consigo a conotação de um estado : " o sagrado " . Todos devem atingir esse estado : " Olhai dentro de ti ; tu és Buda 
" Até que o Cristo surja em ti " .
Assim como aquele que deseja tornar-se músico , deveria ouvir as obras-primas dessa arte e mergulhar nas melodias dos grandes mestres da música , deveríamos nós , filhos da humanidade , erguer nossos olhos e nossos corações , em contemplação constantemente renovada , para as montanhas onde habitam os Homens Perfeitos da nossa raça . O que nós somos , eles já foram ; o que eles são , nós seremos . Todos os filhos dos homens podem fazer o que um Filho do Homem já fez , e vemos neles a garantia do nosso próprio triunfo ; o desenvolvimento de semelhante divindade em nós é apenas uma questão de evolução .

ORDENS EXTERNAS E INTERNAS

Algumas vezes tenho dividido a evolução interior em três estados : submoral , moral e supermoral ; submoral , onde não é percebida a diferença entre o certo e o errado , e o homem atende aos seus desejos sem questionamentos , sem escrúpulos ; moral , onde o certo e o errado são percebidos , tornando-se cada vez mais precisos e inclusivos , e esforça-se por obedecer às leis ; supermoral , onde a lei externa é transcendida , pois a natureza divina dita suas próprias leis .
No estado moral , a lei é reconhecida como uma barreira legítima , uma restrição salutar ; " Faça isto " ; " Evite aquilo " ; o homem esforça-se por obedecer , havendo uma batalha constante entre as naturezas superior e inferior . No estado supermoral , a vida divina que há no homem encontra sua expressão natural sem orientação externa ; ele ama , não porque deva amar mas porque ele é amor . Citando as nobres palavras de um Iniciado Cristão , ele age " não em obediência às leis mundanas , mas pelo poder de uma vida eterna " . A moralidade é transcendida quando todos os poderes do homem voltam-se para o bem , assim como a agulha magnética volta-se para o Norte ; quando a divindade do homem procura sempre o melhor para todos . Não há mais luta , pois a batalha está vencida ; só após ter-se tornado o Cristo triunfante , o Mestre da vida e da morte , o Cristo terá atingido seu estado de perfeição .

A PRIMEIRA INICIAÇÃO 

Através da primeira das grandes Iniciações penetra-se nesse estado de vida de Cristo , vida de Buda ; nela o Iniciado é a " criancinha " , às vezes o " bebê " , às vezes a " criancinha de três anos " . O homem deve " recobrar o estado de criança que ele perdeu " ; deve " tornar-se uma criancinha " a fim de " penetrar no reinado divino " . Atravessando esse portal , ele nasce na vida de Cristo e , trilhando o " caminho da Cruz " , continua avançando pelas sucessivas passagens ao longo do Caminho ; finalmente , liberta-se , em definitivo , da vida de limitações e da escravidão , morre para viver na eternidade , tomando consciência de si mesmo como vida em vez de forma .
Não resta dúvida de que , no Cristianismo primitivo , essa etapa da evolução era definitivamente reconhecida como sendo uma etapa anterior a todos os indivíduos cristãos . A ansiedade expressada por São Paulo ao afirmar que Cristo poderia nascer em seus convertidos é prova suficiente desse fato , deixando de lado outras passagens que poderiam ser citadas . Mesmo que essa frase fosse a única , bastaria para demonstrar que , no ideal Cristão , o estado-Cristo era considerado como uma condição interior , a fase final da evolução de todo crente . Seria aconselhável que os Cristãos reconhecessem isso e não considerassem a vida do discípulo , que culmina no Homem Perfeito , como um espécime exótico cultivado no Ocidente e só considerado nativo das distantes terras do Oriente . Esse ideal faz parte de todo Cristianismo verdadeiro e espiritual , e o nascimento do Cristo em cada alma Cristã é o objetivo da doutrina Cristã . A mera finalidade da religião é a de provocar esse nascimento e , se por algum motivo , tal ensino místico fosse retirado do Cristianismo , essa fé não mais poderia elevar à divindade aqueles que a professam.
A primeira das grandes Iniciações é o nascimento do Cristo , do Buda , na consciência humana , a transcendência da consciência-do-eu , a queda das limitações . É fato conhecido por todos os estudantes a existência de quatro etapas de desenvolvimento , entre o homem inteiramente bom e o Mestre triunfante , que devem ser superadas para atingir-se o estado-Cristo . Principia-se cada uma delas por uma Iniciação e , através dessas etapas de evolução , a consciência deve expandir-se , crescer , atingindo os limites possíveis dentro das restrições impostas pelo corpo humano . Na primeira etapa , a mudança experimentada é o despertar da consciência no mundo espiritual , no qual ela se identifica com a vida , deixando de fazê-lo com as formas em que a vida possa estar , no momento , aprisionada . Esse despertar caracteriza-se por uma sensação de súbita expansão e de estar ultrapassando os limites habituais da vida , pelo reconhecimento de um Eu , divino e magnificente , que é vida e não forma , alegria e não tristeza ; a sensação de uma paz maravilhosa , muito além de tudo aquilo que o mundo possa sonhar . Com a queda das limitações surge uma intensificação da vida , como se esta fluísse por todos os lados regozijando-se pelas barreiras removidas , uma sensação de realidade tão intensa que toda vida corporificada chega a parecer-se com a morte , e a luminosidade terrena , com a escuridão . É uma expansão tão maravilhosa em sua essência , que a consciência sente-se como se nunca antes tivesse conhecido a si mesma , pois tudo aquilo que observara conscientemente parece , na presença dessa vida transbordante , ter sido inconscientemente . A autoconsciência , que começou a germinar na infância , desenvolve-se , cresce e expande-se sempre dentro dos limites da forma , imaginando a si mesma como uma parte separada , sentindo sempre o " eu " , falando sempre em " mim " e do " meu " . Essa autoconsciência , subitamente , sente todos os eus como Eu e todas as formas como uma propriedade em comum . Percebe que as limitações eram necessárias para poder-se construir um núcleo de individualidade no qual a auto-identidade pudesse persistir , e , ao mesmo tempo , sente que a forma é apenas um instrumento que ela , a consciência viva , utiliza enquanto é uma só em meio a todas essas vidas . Conhece o verdadeiro significado da frase , frequentemente citada , a " unidade da humanidade " e sente o que significa viver em todas essas vidas e movimentos ; e essa consciência vem acompanhada por uma imensa alegria , a alegria da vida , que , mesmo em seus tímidos reflexos sobre a terra , é um dos mais intensos êxtases experimentados pelo homem . A unidade não é apenas percebida pelo intelecto , mas é sentida como satisfazendo o anelo de unidade conhecida por aqueles que já amaram ; é um sentimento de unidade que vem de dentro , não podendo ser visto de fora . Não é uma concepção , mas uma vida .
O nascimento do Cristo no homem foi retratado em muitos escritos do passado , sempre havendo harmonia entre eles . Todavia , embora todas as palavras se moldem ao mundo das formas , mostram-se insuficientes quando sobrepostas ao mundo da vida .
Porém , a criança deve transformar-se no homem perfeito , e há muito a ser feito , muitos aborrecimentos a serem enfrentados , muito sofrimento a ser suportado , muitas batalhas a serem travadas e muitos obstáculos a serem vencidos , antes que o Cristo nascido na fraqueza da infância atinja o estado de Homem Perfeito . Terá que trabalhar entre seus irmãos , enfrentar o ridículo e a suspeita , ouvir mensagens de desprezo ; haverá a agonia do abandono , a paixão da cruz e a escuridão da tumba . Tudo isto encontra-se diante dele no caminho iniciado .
Através da prática constante , o discípulo deve aprender a assimilar a consciência dos outros e a centrar sua própria consciência na vida e não na forma , de modo que possa passar além da " heresia da separação " que o faz considerar os outros como diferentes dele próprio . Deve expandir sua consciência , treinando diariamente , até que seu estado normal seja aquele experimentado temporariamente durante sua primeira Iniciação . Para isso , ele se empenhará diariamente em identificar sua consciência com a daqueles com quem se relaciona no dia-a-dia ; esforçar-se-á por sentir , pensar , alegrar-se e sofrer com eles . Gradualmente , deverá desenvolver uma simpatia perfeita , capaz de vibrar em harmonia com cada uma das cordas da lira humana .
Paulatinamente , deverá aprender a responder às sensações dos outros como se fossem dele próprio , não importando qual a situação deles . Pouco a pouco , através de constante trino , deverá identificar-se com os outros nas mais variadas circunstâncias e suas diferentes vidas . Deverá aprender a lição da alegria e a lição das lágrimas , e isto só será possível quando tiver transcendido a divisão do eu , quando não mais precise pedir nada para si mesmo , mas apenas compreenda que , dali em diante , deverá viver na vida sozinho .
Sua primeira grande batalha representa deixar de lado tudo aquilo que , até esse momento , tenha sido para ele a vida , a consciência e a realidade , e ir adiante sozinho , exposto , não mais identificando-se com nenhuma forma . Deve aprender a lei da vida , somente pela qual a divindade interior pode manifestar-se , a lei que é a antítese do seu passado . A lei da forma toma ; a lei da vida dá .
A vida cresce quando transborda da forma , nutrida pela inesgotável fonte de vida do centro do universo ; quanto mais a vida transborda , maior a afluência interior . No início , poderá sentir-se , o jovem Cristo , como se toda sua vida o estivesse abandonando e como se suas mãos ficassem vazias após terem feito dádivas a um mundo ingrato ; a vida eterna só poderá ser experimentada quando a natureza inferior tiver sido definitivamente sacrificada , e , somente então , aquilo que parecera a morte do ser será descoberto como o renascer numa vida mais plena .

A SEGUNDA INICIAÇÃO    

Desta maneira , a consciência se desenvolve até completar a primeira etapa do caminho , onde o discípulo vê diante de si o segundo Portal da Iniciação , simbolizado nas Escrituras Cristãs pelo Batizado do Cristo . Assim , ao penetrar nas águas dos sofrimentos do mundo , nas quais todo Salvador de homens deve ser batizado , uma nova torrente de vida divina derrama-se sobre ele ; sua consciência o identifica como o Filho em quem a vida do Pai encontra sua perfeita expressão . Sente a vida da Mônada , seu Pai Celeste , fluindo em sua consciência e compreende que é um , não somente com os homens mas também com seu sagrado Pai , e que está na terra apenas para ser a expressão da vontade do Pai , seu organismo manifestado . Daqui em diante servir aos homens torna-se o objetivo de sua vida . Ele é o Filho a quem os homens deverão ouvir porque dele flui a vida oculta ; e ele tornou-se um veículo através do qual essa vida oculta poderá alcançar o mundo exterior . Ele é o sacerdote do Deus do Mistério , que ergue o véu interior e surge com a glória a brilhar em seu rosto , reflexo da luz do santuário .
É nesse momento que ele começa o trabalho de amor , simbolizado no sacerdócio externo pelo seu desejo de curar e ajudar . As almas amontoam-se ao seu redor à procura de luz e vida , atraídas por sua força interior e pela vida divina manifestadas no reconhecido Filho do Pai . Almas famintas vêm a ele , e ele lhes dá pão ; almas perturbadas pelo pecado chegam , e ele as fortalece com sua palavra de vida ; almas cegadas pela ignorância procuram-no , e ele as ilumina com a sabedoria . Um dos sinais que caracterizam um Cristo no seu ministério é que os abandonados e os pobres , assim como os desesperados e os degradados , aproximam-se dele sem a sensação de separação , sentindo uma simpatia que os acolhe em lugar de rejeitá-los , pois sua pessoa irradia benevolência e o amor compreensivo flui ao seu redor . Na verdade , eles não sabem tratar-se de um Cristo em evolução , mas sentem um poder que eleva e uma existência que vitaliza ; nessa atmosfera , aspiram nova força e esperança .

A TERCEIRA INICIAÇÃO 


O terceiro Portal encontra-se diante dele e começa uma nova etapa de sua evolução , com um breve instante de paz , glória e iluminação , simbolizados nas Escrituras Cristãs pela Transfiguração . E uma pausa em sua vida , uma breve interrupção no exercício de sua função , uma viagem à Montanha sobre a qual paira a paz celestial , e lá - lado a lado com alguns que lhe reconheceram sua divindade evolutiva - esta divindade resplandece , por um instante , em sua beleza transcendente . Durante esta trégua , ele pode ver seu futuro ; uma sequência de imagens desenrola-se diante de seus olhos antevendo-lhe o sofrimento , a solidão no Getsêmani e a agonia do Calvário . Desde então , seu rosto volta-se com determinação para Jerusalém e para a escuridão em que deverá penetrar por amor aos homens . Ele compreende que antes de atingir a perfeita realização da unidade , deverá experimentar a quinta-essência da solidão . Até agora , embora consciente de sua vida em desenvolvimento , ela parecia-lhe vir de fora ; agora compreende que seu núcleo está dentro dele , que na solidão da alma deve experimentar a verdadeira unidade do Pai e do Filho , uma unidade interior e não exterior , e , em seguida , a perda inclusive do Rosto do Pai ; para isso , deve ser suspenso todo contato externo com os homens e mesmo com Deus . Percebe que dentro do seu próprio espírito poderá encontrar o Um .

A NOITE ESCURA DA ALMA 

Como o momento de escuridão se aproxima , ele se sente cada vez mais angustiado pelo malogro da simpatia humana , em que se habituara a confiar durante os últimos anos de vida e trabalho , e quando , na hora crucial de sua agonia , olha ao redor em busca de conforto , e vê seus amigos mostrarem-se indiferentes e distantes , parece-lhe que todos os laços humanos foram cortados , que todo amor humano é uma falsidade , toda a fé humana , uma traição ; ele é atirado totalmente a si mesmo e descobre que o único laço permanecente é aquele que o une ao seu Pai Celestial e que toda ajuda corporificada é inútil . Diz-se que , nesse momento de solidão , a alma enche-se de amargura e que raramente uma alma atravessa sem um grito de angústia esse abismo de vacuidade ; é então que aflora o reproche agonizante : " Não podias ter ficado do meu lado por um instante ? " Mas , nesse desolado Getsêmani , nenhuma mão humana pode afagar uma outra .
Uma vez superada a escuridão do abandono humano , apesar do recuo da natureza humana diante do cálice , sobrevém , então , a escuridão mais profunda do momento , em que parece abrir-se um abismo entre o Pai e o Filho , entre a vida corporificada e a vida eterna . O Pai , que já fora conhecido no Getsêmani , quando todos os seus amigos humanos estavam dormindo , agora , na paixão da Cruz , está oculto . É a mais amarga das provações do Iniciado , quando ele perde até mesmo a consciência de sua vida enquanto Filho , e o tão desejado triunfo transforma-se , nessa hora , na mais profunda ignomínia . Vê seus inimigos exultantes ao seu redor , sente-se abandonado por seus amigos e por aqueles que o amavam , sente o suporte divino despedaçar-se abaixo de seus pés e bebe a última gota do cálice da solidão , do isolamento . Nenhum contato com o homem ou com Deus preenche o vazio em que se encontra sua alma desamparada . Então , do âmago de seu ser , que se sente abandonado até mesmo pelo Pai , aflora a súplica : " Meu Deus ! Meu Deus ! Por que me desamparaste ? " Por que esta prova final , por que esta última experiência penosa , a mais cruel de todas as ilusões ? Ilusão , sim , pois o Cristo agonizante está mais perto do que nunca do Coração Divino .
Porque o Filho deve conhecer-se a si mesmo para poder ser um com o Pai que procura , deve encontrar Deus , não só dentro dele , mas como seu Eu mais íntimo ; e só ao compreender que o Eterno é ele mesmo e que ele é o Eterno , estará além da possibilidade de sentir a separação . Só e somente então poderá ajudar os seus com perfeição e se tornar uma parte consciente da energia em desenvolvimento .

A GLORIA DA PERFEIÇÃO  

O Cristo triunfante , o Cristo da Ressurreição e da Ascensão , sentiu a amargura da morte , conheceu todo o sofrimento humano e ergueu-se acima dele pelo poder da sua própria divindade . Que é que pode agora perturbar a sua paz ou impedir sua mão de estender-se oferecendo ajuda ? Durante sua evolução aprendeu a tornar-se receptivo aos problemas humanos e a convertê-los em paz e alegria . Este era o seu trabalho naquela etapa , o de transformar as forças de discórdia em forças de harmonia . Agora deve fazê-lo pelo mundo , pela humanidade da qual floresceu . Assim , os Cristos e seus discípulos , cada um na medida da sua evolução , protegem e ajudam o mundo e , não fosse pela sua presença , cujas mãos sustentam " o pesado karma do mundo " , muito mais amargas seriam as lutas e mais violentos os combates da humanidade .
Mesmo aqueles que se encontram na fase inicial do Caminho elevam-se durante a evolução , assim como todos aqueles que trabalham desinteressadamente pelos outros , embora estes o façam contínua e intencionalmente . Porém , o Cristo triunfante faz perfeitamente o que os outros fazem nas diferentes etapas de imperfeição e , por este motivo , é chamado de " Salvador " , sendo que esta qualidade é perfeita nele . Ele salva compartilhando sua vida conosco e não colocando-se em nosso lugar . Ele é sábio e transmite sua sabedoria aos homens , pois sua vida flui nas veias e palpita nos corações de todos os homens . Não está preso a uma forma , mas também não está separado dela . Ele é o Homem Ideal , o Homem Perfeito ; cada ser humano é uma célula do seu corpo e cada célula é nutrida por sua vida .
Certamente , não teria valido a pena o sofrimento na Cruz e o Caminho trilhado até chegar a ela , apenas para conseguir sua própria libertação um pouco antes , ou para poder descansar um pouco mais cedo . O lucro teria sido muito pequeno para um custo tão alto e a luta amarga demais para semelhante recompensa . Todavia , o seu triunfo eleva a humanidade e o caminho percorrido por todos torna-se um pouco mais curto
A evolução de toda a raça se acelera ; a peregrinação de cada um encurta-se mais ainda . Foi este o ideal que o inspirou durante a violência da luta , que manteve sua força e que aliviou a angústia provocada pelas perdas . Não há um só ser , não importa quão fraco , degradado , ignorante ou pecaminoso ele seja , que não tenha chegado um pouco mais perto da luz , quando o Filho do Supremo completou seu trajeto .
Como se acelerará a marcha da evolução à medida que , cada vez mais , estes Filhos surjam triunfantes penetrando na eterna vida consciente ! Quão velozmente girará a roda que transporta o homem à divindade , no momento em que mais e mais homens tornarem-se conscientemente divinos .

O IDEAL INSPIRADOR   

Nisso repousa o estímulo para cada um de nós que já tenha sentido , nos momentos mais nobres , a atração da vida que mana do amor aos homens .
Pensemos nos sofrimentos do mundo , que não sabe porque sofre ; na angústia e no desespero dos homens que não conhecem o porquê de suas vidas e de suas mortes ; naqueles que , dia após dia , ano após ano , sentem o sofrimento caindo sobre eles mesmos e sobre os outros , sem poder compreender o motivo ; naqueles que lutam com temeridade ou que , irados , se revoltam contra situações que não podem compreender ou justificar . Pensemos na agonia originada pela cegueira , na escuridão em que tateiam , sem esperança , sem aspiração e sem conhecimento da vida verdadeira e da beleza existentes do outro lado do véu . Pensemos nos milhões de irmãos nossos que estão na escuridão , e depois pensemos no engrandecimento de nossas energias , originado por nossos sofrimentos , lutas e sacrifícios . Podemos aproximá-los um pouco da luz , mitigar suas dores , reduzir sua ignorância , abreviar sua viagem com destino ao conhecimento , que é luz e vida . Quem de nós que saiba pelo menos um pouco , não haverá de dedicar-se a estes que não sabem nada ?
Sabemos , pela Lei imutável , pela Verdade inalterável e pela Vida e Deus eternos , que a divindade está dentro de nós e que , embora esteja pouco evoluída no momento , tudo nela é de uma infinita capacidade , disponível para o enaltecimento do mundo . Sem dúvida , não haverá , então , ninguém capaz de sentir a pulsação da Vida Divina , que não se sinta atraído pelo desejo de ajudar e glorificar . E se esta vida for sentida , mesmo que debilmente ou por um breve instante , é porque existe no coração a primeira vibração daquilo que se revelará como a vida de Cristo , porque está chegando a hora do nascimento do pequeno Cristo , porque a humanidade espera por ele para florescer .
Texto : Annie Besant
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