sexta-feira, 1 de abril de 2011

" Vida Mais Elevada "

Os desejos , a necessidade de comida ou de sexo , não pertencem à alma nem se originam nela .
São ondas ou correntes de sugestão que entram no ser , vindas da natureza universal .
Os desejos vêm de fora , entram no mundo vital subconsciente e sobem à superfície . É somente quando afloram e a mente os percebe que se tornam conscientes .
Quando se vive na consciência verdadeira os desejos são sentidos fora da pessoa , vindos da natureza universal mais baixa e penetrando a mente e as partes vitais . Na condição humana comum isso não é percebido ; os homens tornam-se conscientes do desejo somente quando ele já está lá , quando entrou e encontrou um abrigo habitual , e assim pensam que o desejo é deles próprios , parte de si mesmos .
Comida , livrar-se inteiramente do desejo demora muito tempo . Mas se você pode uma vez expulsá-lo e percebe-lo como uma força que vem de fora e coloca suas garras no vital e físico , será mais fácil livrar-se desse invasor . Deixar-se ficar por demais acostumado a senti-lo como parte sua dificulta não só lidar com ele mas também remover o controle que exerce sobre você .
Quando o ser interno está guiando a consciência , torna-se fácil livrar-se do desejo , pois o ser interno em si mesmo não tem desejos , tem só aspirações e uma procura e amor pelo Divino e por todas as coisas que são o Divino ou tendem a Ele . O ser interno tem vontade própria ; ele age sobre a natureza inferior e coloca um dedo de luz sobre todos os defeitos que são um obstáculo à realização evolutiva , separando e afastando tudo o que é misturado , ignorante ou imperfeito . Nunca está satisfeito consigo mesmo ou com a natureza vital , até que consiga torná-la perfeitamente receptiva ao Divino , livre de todas as formas de ego , entregue , simples . Isso é o deve ser estabelecido na mente , no vital e na consciência física antes que toda natureza do ser manifeste a supramente .
Só quando distanciamos e nos separamos do vital inferior , recusando considerar seus desejos e clamores como nossos , e quando cultivamos a equanimidade na consciência , é que esse vital é gradualmente purificado e se torna calmo . Cada onda de desejo deve ser observada com o máximo de quietude e de desapego , como se você estivesse observando algo fora de você ; deve ser deixada passar , rejeitada da consciência , e em seu lugar deve ser firmado o verdadeiro movimento , a verdadeira consciência .
É o apego , a gula e a avidez pela comida que a torna indevidamente importante na vida .
Perceber que algo é agradável ao paladar não é errado , apenas não se deve ter o desejo nem ansiar por isso ; não se deve ter nenhuma exaltação por obtê-lo e nenhum desagrado ou queixa por não obtê-lo e nenhum desagrado ou queixa por não obtê-lo .
Coloque o elemento comida no lugar certo na vida , em um cantinho , e não se concentre nele . Estar sempre pensando em comida e pertubando a mente é a maneira errada de livrar-se do desejo de comida . Coma o alimento na quantidade certa ( nem mais nem menos ) , sem avidez ou repulsa , como o meio que lhe foi dado para manutenção do corpo ; com o estado de espírito certo , ofereça-o ao Divino em você .
Não negligencie o desejo por comida nem lhe dê demasiado valor . Temos de lidar com ele , purificá-lo e dominá-lo , mas sem dar-lhe importância excessiva . Existem duas maneiras de superá-lo - uma pelo desapego , aprendendo a considerar a comida apenas como necessidade física e a satisfação do paladar uma coisa sem importância ; a outra é ser capaz de tomar com neutralidade e sem resistência qualquer comida dada , seja ela declarada boa ou má pelos outros .
Texto : Sri Aurobindo 
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